31 de ago. de 2012

Para encerrar agosto: [Where Is The Love?] de Black Eyed Peas

Chegamos a mais um fim de semana e esta é a última sexta-feita do mês do cachorro louco, Agosto - que, seja por sugestão mental ou mesmo vibratória espiritual, é um mês de desgostos.

Mas, acabou; mesmo que ainda tenhamos que conseguir sobreviver ao mês de Agosto até às 24 horas. Então, entrará Setembro: mês das flores, da Primavera, em que tudo se renova e renasce, e os sobreviventes do Inverno saem de suas tocas para uma nova época, para se aquecer ao Sol e dar continuidade à Vida.

Descobri um outro dia um novo (?) canal da tv aberta, aos moldes da balzaca MTV: Mix TV, que por aqui, no RJ, passa no canal 16.

Tudo bem que já passei muito da idade de ficar assistindo programação de tv musical, mas na falta de coisas prestáveis na tv aberta (e eu não jogo fora meu dindim com tvs por assinatura), até que esse Mix TV quebra um galho quando se bate a vontade de ficar com a televisão ligada (uma vontade cada vez mais rara, mas ainda assim aparece, mesmo que muito de vez em quando). Então, já umas 3 vezes, assisti ao clipe de Black Eyed Peas, "Where Is The Love?"...

Sou completamente por fora do que há de novo em termos de música. Sei do populesco quando ouço repetidamente pelas ruas, e o que é menos popular, aí que não sei mesmo. A minha playlist é a mesma de alguns anos e, quando sofre acrescimos, é de iguais velharias - uma vez que acredito que música boa é atemporal.

Então, falando dessa música do Black Eyed Peas... Nossa, Gente do Céu: é uma letra que mescla materialismo e espiritualismo dentro da cruel atualidade que vivenciamos!

Onde está o amor?

Provavelmente, onde sempre esteve: bem longe dessa humanidade. Mas, seja por facilidade de comunicação, excesso de informação e conhecimentos (finalmente!) ao alcance de todos, a Maldade e a Falta de Amor têm pesado sobre a humanidade como jamais pesou... tudo, porque, hoje se é mau porque se quer! Hoje se comete erros, porque se quer! A Maldade se tornou opcional.

Não estamos mais na Era das Trevas. O Iluminismo chegou a todos. Não há mais a verdade do Céu que pune ou do Inferno que castiga. A Crença e a Fé se transformaram, e aquele que possue verdadeiramente, o faz pela certeza de que a Bondade realmente existe, mas que o ser humano precisa fazer a parte dele, porque não estamos mais na era dos deuses indolentes.

Leia a letra e pensa sobre isso...

Where Is The Love? Black Eyed Peas
What's wrong with the world, mama
People livin' like they ain't got no mamas
I think the whole world addicted to the drama
Only attracted to things that'll bring you trauma
Overseas, yeah, we try to stop terrorism
But we still got terrorists here livin'
In the USA, the big CIA
The Bloods and The Crips and the KKK
But if you only have love for your own race
Then you only leave space to discriminate
And to discriminate only generates hate
And when you hate then you're bound to get irate, yeah
Badness is what you demonstrate
And that's exactly how anger works and operates
Nigga, you gotta have love just to set it straight
Take control of your mind and meditate
Let your soul gravitate to the love, y'all, y'all

People killing, people dying
Children hurt and you hear them crying
would you practice what you preach
or would you turn the other cheek

Father, Father, Father help us
send us some guidance from above
'Cause people got me, got me questioning
Where is the love (Love)

Where is the love (The love)
Where is the love (The love)
Where is the love
The love, the love

It just ain't the same, always unchanged
New days are strange, is the world insane
If love and peace is so strong
Why are there pieces of love that don't belong
Nations droppin' bombs
Chemical gasses fillin' lungs of little ones
With the on going suffering as the youth die young
So ask yourself is the loving really gone
So I could ask myself really what is going wrong
In this world that we livin' in people keep on giving
in
Making wrong decisions, only visions of them dividends
Not respecting each other, deny thy brother
A war is going on but the reason's undercover
The truth is kept secret, it's swept under the rug
If you never know truth then you never know love
Where's the love, y'all, come on (I don't know)
Where's the truth, y'all, come on (I don't know)
Where's the love, y'all

People killing, people dying
Children hurt and you hear them crying
would you practice what you preach
or would you turn the other cheek

Father, Father, Father help us
send us some guidance from above
'Cause people got me, got me questioning
Where is the love (Love)

Where is the love (The love)
Where is the love (The love)
Where is the love
The love, the love

I feel the weight of the world on my shoulder
As I'm getting older, y'all, people gets colder
Most of us only care about money making
Selfishness got us followin' in the wrong direction
Wrong information always shown by the media
Negative images is the main criteria
Infecting the young minds faster than bacteria
Kids act like what they see in the cinema
Yo', whatever happened to the values of humanity
Whatever happened to the fairness in equality
Instead in spreading love we spreading animosity
Lack of understanding, leading lives away from unity
That's the reason why sometimes I'm feeling under
That's the reason why sometimes I'm feeling down
There's no wonder why sometimes I'm feeling under
Gotta keep my faith alive till love is found

People killin', people dyin'
Children hurt and you hear them cryin'
would you practice what you preach
or would you turn the other cheek

Father, Father, Father help us
send us some guidance from above
'Cause people got me, got me questionin'
Where is the love (Love)

Where is the love (The love)
Where is the love (The love)
Where is the love (The love)

Where is the love (The love)
Where is the love (The love)
Where is the love (The love) 
 
Onde está o Amor Black Eyed Peas 
O que há de errado com o mundo, mãe
Pessoas vivendo como se não tivessem mãe
Acho que o mundo todo se viciou no drama
Somente atraído pelas coisas que irão lhe trazer traumas
Estrangeiro, sim, nós tentamos parar o terrorismo
Mas nós ainda temos terroristas vivendo aqui,
Nos Estados Unidos, a grande CIA
"O Bloods" e "O Crips" e a "KKK"
Mas se você somente tiver amor pela sua própria raça
Então você apenas deixa espaço para a discriminação
E discriminar gera somente ódio
E quando você odeia então você está impelido a ficar irado, sim
Maldade é o que você demonstra
E é exatamente assim que os raivosos trabalham e agem
Neguinho, você tem que amar apenas para ser correto
Tenha controle de sua mente e medite
Deixe sua alma gravitar para o amor, todos vocês, todos vocês

Pessoas matando, pessoas morrendo
Crianças feridas e você pode ouvi-las chorando
Você pode praticar o que você prega?
E mudar sua personalidade

Pai, Pai, Pai nos ajude
Nos mande alguma orientação do Céu
Porque as pessoas me tem, elas me tem questionado
Onde esta o amor? (Amor)

Onde está o amor? (O amor)
Onde está o amor? (O amor)
Onde está o amor?
O amor, o amor

Isso não é apenas o mesmo, sempre está mudando
Nossos dias estão estranhos, o mundo está estranho
Se amor e paz são tão fortes
Porque as peças do amor não se encaixam?
Nações lançando bombas,
Gases químicos enchendo nossos pulmões
Com o progressivo sofrimento a juventude morre cedo
Então pergunte a si mesmo, o amor realmente se foi?
Então eu poderia perguntar a mim mesmo, o que realmente está errado?
Neste mundo que nos vivemos as pessoas reprimem o altruismo
Tomando decisões erradas, apenas visando seus lucros
Não respeitando o próximo, negando seu irmão
A guerra está acontecendo, mas as razões são secretas
A verdade é mantida em segredo, varrida pra debaixo do tapete
Se voce não conhece a verdade, então você não conhece o amor
Onde está o amor, todos vocês, vamos lá (Eu não sei)
Onde está o amor, todos vocês, vamos lá (Eu não sei)
Onde esta o amor, todos vocês

Pessoas matando, pessoas morrendo
Crianças feridas e você pode ouvi-las chorando
Você pode praticar o que você prega?
E mudar sua personalidade

Pai, Pai, Pai nos ajude
Nos mande alguma orientação do Céu
Porque as pessoas me tem, elas me tem questionado
Onde esta o amor? (Amor)

Onde está o amor? (O amor)
Onde está o amor? (O amor)
Onde está o amor?
O amor, o amor

Eu sinto o peso do mundo em meu ombro
Estou ficando tão velho, todos vocês, pessoas frias
Muitos de nós apenas preocupados em fazer dinheiro
O egoísmo nos faz seguir nosso próprio caminho
Informações erradas são sempre mostradas pela mídia
Imagens negativas são os critérios principais
Infectando rapidamente jovens mentes como bactéria
Crianças agem como o que veem no cinema
O que quer que tenha acontecido com os valores da humanidade
O que quer que tenha acontecido com a justiça na igualdade
em vez de espalhar amor, nós espalhamos hostilidade
A falta da compreensão, conduzindo vidas afastadas da união
Esta é a razão pela qual as vezes me sinto pra baixo
Esta é a razão pela qual as vezes me sinto desanimado
Não é de se admirar porque as vezes me sinto pra baixo
Manterei minha fé viva para o amor

Pessoas matando, pessoas morrendo
Crianças feridas e você pode ouvi-las chorando
Você pode praticar o que você prega?
E mudar sua personalidade

Pai, Pai, Pai nos ajude
Nos mande alguma orientação do Céu
Porque as pessoas me tem, elas me tem questionado
Onde esta o amor? (Amor)

Onde está o amor? (O amor)
Onde está o amor? (O amor)
Onde está o amor? (O amor)

Onde está o amor? (O amor)
Onde está o amor? (O amor)
Onde está o amor? (O amor)
 

30 de ago. de 2012

Relações Intrarraciais - Parte 3 e última

As Religiões do Brasil - Sincretismo religioso, sincretismo de pessoas.

Durante quatro séculos o Brasil foi um pais oficialmente católico. Porém, ao contrário dos países europeus em que a Igreja atuava como Estado, aqui ela era subordinada ao Estado.

Quando Portugal começou as suas navegações no intuito de descobrir novas terras, o Vaticano havia concedido a ele o direito de padroado sobre as igrejas que seriam instaladas nas novas terras conquistadas, uma extensão das Cruzadas, atingindo lugares jamais antes imaginados, fazendo com que a Igreja alongasse as suas asas imperialistas a todos os povos do mundo. Portugal descobria, invadia, saqueava e colocava sob jugo as novas terras e, de bônus, angariava novas almas para a Igreja – à força.

O padroado concedia a Portugal o controle sobre as igrejas e aos religiosos nas novas terras, portanto, no período colonial, a Igreja dependia muito mais do Estado do que do papado, pois era o rei de Portugal que construía os templos e mosteiros, dotava-os de padres e religiosos e nomeava os bispos. O clero fazia parte do funcionalismo público, remunerado pelo Estado.

Em 1827, o padroado passou da Coroa Portuguesa para o Imperador Dom Pedro I, tornando o catolicismo a religião oficial do Estado Brasileiro. Mas o jugo religioso acabaria em 1889.

Com a proclamação da República em 1889, foi institucionalizada a neutralidade do Estado com as questões religiosas, tornando o Brasil um Estado laico. Já na primeira Constituição, de 1891, foi redigida a liberdade de culto, o que implica à liberdade de associação, reunião, expressão e à livre concorrência entre as organizações religiosas. Portanto, com a laicização do Estado, novas religiões puderam aportar no Brasil e, inclusive, criar-se uma legitimamente brasileira e, tal qual o seu povo, tão sincrética e miscigenada quanto!

Umbanda, a Religião brasileira.

Surgida no Rio de Janeiro na década de 1920 com o nome de “Macumba”, apenar de ser uma das vertentes do Candomblé, é uma religião aberta a todos e não somente aos afro-descendentes, como as outras religiões afros no Brasil.

Diferente das outras está também a sua despreocupação em conservar as raízes africanas e com o movimento de reafricanização, como ocorre com o Candomblé e suas congêneres.

A Umbanda é uma religião brasileira e não afro, embora possa chamá-la de Afro-Brasileira. É uma mistura, como é o povo brasileiro. Em seu sincretismo há elementos de religiões dos quatro cantos da Terra, assim como o seu povo: as crenças e tradições das religiões africanas e seu panteão de Orixás (deuses); o Catolicismo popular, o que se miscigenou com o misticismo indígena e africano; e o sincretismo hindu-cristão do Espiritismo “Kardecista”. Esta é a Umbanda, um sincretismo religioso originalmente brasileiro.

O panteão herdado do Candomblé soma-se aos espíritos-guias brasileiros, fazendo da Umbanda uma religião única, singular. Na África, o panteão conta com cerca de 400 Orixás, mas apenas 20 deles são cultuados no Brasil pelas religiões remanescentes: Exu, Ogum, Oxossi, Ossaim, Oxumarê, Omulu, Xangô, Iansã, Oba, Oxum, Logum Edé, Iemanjá, Nanã, Oxaguiã e Obatalá. Além desse panteão, há os espíritos guias, inferiores aos Orixás: Caboclos (índios brasileiros), Pretos-Velhos (espíritos de escravos) e os Baianos, agrupados na Linha das Almas ou Linha Africana.

Esses espíritos guias são os intermediários entre os humanos e os Orixás, e são divididos por falanges denominadas ‘Linhas’, encabeçadas ou não por um Orixá, sendo sete as Linhas mais tradicionais: Linha de Oxalá; Linha de Iemanjá; Linha de Oxossi; Linha de Xangô; Linha de Ogum; Linha do Oriente; Linha das Almas.

Na Linha do Oriente junta-se mais um elemento de outros povos: os ciganos. Em alguns terreiros, a Linha do Oriente é substituída pela Linha das Crianças, que agrupa os Erês (espíritos de crianças) e é presidido pelos Orixás gêmeos Ibejis, que são, na verdade, os santos católicos Cosme e Damião.

A vertente da Umbanda, a Quimbanda, cultua Exus e Pombagiras, que são espíritos guardiães de polaridade masculina e feminina. Nesta vertente, o trabalho religioso tem o auxílio da magia.

A Umbanda continua se sincretizando, cada vez mais abrangente de culturas, cada vez mais singular e totalmente brasileira. Atualmente, tem incorporado outras práticas místicas e até terapêuticas holísticas da Nova Era.

Sem barreiras de classe, escolaridade, origem étnica ou racial, se propaga em todas as regiões do Brasil. A Umbanda só é possível por haver aqui algo igualmente único: o encontro cultural de diversas crenças e religiões dos povos de todo o mundo, contidos numa única nação.

OBS: Este texto foi escrito em meados de 2009 e, na ocasião, o livro utilizado como referência sobre a Umbanda foi o "O livro das religiões", dos autores Jostein Gaarder, Victor Hellern  e Henry Notaker. A versão brasileira do livro trás um apêndice que trata da Umbanda e hoje, depois de alguns estudos e pesquisas sobre o assunto, vemos o quanto o autor de tal apêndice estava desinformado em relação à Umbanda. Portanto, esta última parte do texto não condiz com a realidade e história da religião brasileira, que é muito mais ampla, complexa e rica.

@patkovacs.

29 de ago. de 2012

Relações Intrarraciais - Parte 2

O Brasil é o coração do mundo. Um coração de mãe, que acolhe filhos de todas as terras. País paradisíaco, de belezas e riquezas naturais. É a Terra Sem Mal profetizada pelo caraíba aborígine. É também a Terra Prometida que muitos judeus aqui encontraram. De um ponto a outro encontramos pequenas representações do mundo e um mundo de pessoas.

No Brasil atual não é mais possível afirmar que o seu povo provém de apenas três raças básicas. Não apenas mais o aborígine, o negro africano e o branco português. A riqueza do país não está apenas na terra, mas no gen de cada indivíduo do nosso povo. Um pouquinho do gen de cada povo do mundo. Porém, o que deveria ser entendido como riqueza e beleza singulares, é visto como inferioridade, como uma degradação da espécie humana. Isso tudo porque a nação foi alicerçada sobre a violência e a crueldade de um humano sobre o outro.

1500 – A invasão do Brasil

Quando os portugueses aqui chegaram de forma massiva, havia mais de mil etnias aborígines distintas, somando algo entre 3 a 5 milhões de habitantes, divididos em diversos grupos, sendo que quatro eram os mais importantes: tupi-guarani, jê, nuaruaque e caraíba. No fim do século XX, esses números reduziram para 300 mil pessoas divididas em 170 grupos lingüísticos, considerando como grupo com, pelo menos, 1 indivíduo que fale o idioma ou dialeto. Com esses números, pode-se afirmar que a população nativa foi dizimada em 4 séculos de jugo e barbárie. Não apenas vidas se perderam, mas algo muito maior, de incalculável prejuízo para a humanidade: as etnias. A dominação pelos brancos, inclusive pelos padres jesuítas, causou o etnocídio: o extermínio total e completo de um povo e todas as referências a ele. Sem esses registros, seremos eternamente órfãos de nossas reais origens e o Brasil jamais saberá de qual semente germinou.

Portanto, quando os portugueses aqui invadiram, encontraram o lugar habitado, com uma organização comunitária simples instituída, embora fosse rudimentar. Pondo à parte o holocausto desses povos, houve a primeira miscigenação que começaria a formar o povo brasileiro: do homem português com a mulher índia.

Houve muitos casamentos, outros apenas acasalamentos, entre portugueses e índias. Com a chegada dos padres da Companhia de Jesus, institucionalizou-se esses casamentos de acordo com a Igreja e as mulheres assumiram um nome cristão e seu passado completamente apagado. Esse foi um fato para não existir tais registros que comprovem a mestiçagem do branco com o aborígine de algumas famílias antigas.

Entre os séculos XVI e XVII, começou a se desenvolver o comércio escravista de pessoas traficadas do Continente Africano, substituindo, gradativamente, o escravo aborígine pelo escravo africano. E nessa época, europeus de outras nacionalidades também começaram a sua invasão às Terras Brasilis: espanhóis, holandeses, franceses. E a cada novo integrante de uma determinada nação que é introduzido no Brasil, mais o sangue se dilui, mais a carne se miscigena. E, apenar dos pesares, mais a cultura se enriquece, embora seja uma cultura fragmentada, formando uma grandiosa colcha de retalhos.

Nas navegações portuguesas eram empregados marinheiros de diversas nacionalidades, tornando a fauna humana brasileira bastante diversificada: italianos, ingleses, franceses e alemães. Grande número de flamengos se fixaram no nordeste, estimulados pelo domínio da Holanda sobre a capitania de Pernambuco, que durou de 1630 até 1654, quando foram derrotados e expulsos por colonos portugueses. Mas é graças a esse curto domínio da Holanda que existe o maior número de registros iconográficos e textuais sobre os aborígines brasileiros ainda existentes na época.

À época, índios e negros não eram considerados gente, no máximo pertenciam a uma sub-raça humana. Se eles que eram indivíduos de sangue-puro, eram considerados inferiores, o que se diria do produto derivado de duas raças distintas ou mesmo entre duas sub-raças? A miscigenação criava seres mais infelizes e desgraçados. Não raro, grandes senhores de terra negavam de todas as formas a sua ascendência, mesmo que os sinais de sua miscigenação estivessem bem impressos em sua face. Qualquer relação de sangue com inferiores seria considerado uma grande vergonha, sem contar que o tal senhor perderia sua moral diante da sociedade branca e superior.

No século XVIII ocorreu a Revolução Industrial e o mundo jamais seria o mesmo: ele mudou, se modernizou, ficou mais acelerado e o capitalismo substitui o antigo sistema. Não havia mais espaço para o arcaico, e isso incluía a escravidão – não por uma questão de ascensão de consciência, mas porque não servia ao novo sistema, pois era necessário pessoas capacitadas para operar máquinas.

Nação modernizada ou embranquecimento da população?

No final do século XVIII, tinha início o capitalismo industrial e a sua maior potência, na época, era a Inglaterra. Enquanto o mundo se transformava e modernizava em conseqüência da Revolução Industrial, o Brasil permanecia com o seu arcaico e obsoleto comércio escravista, o que não era bem visto pelas outras nações, não por uma questão humanista, mas econômica e financeira.

Com uma nova classe social surgida com a R.I., a classe operária, o comércio se expandiu em proporções nunca antes imaginadas, impulsionado pelo advento das grandes embarcações movidas a vapor e a criação de ferrovias. A classe operária era composta de homens livres que vendiam a força do seu trabalho, sendo que eles se transformavam, também, em consumidores das mercadorias e produtos que eles próprios fabricavam; também era os responsáveis por seu sustento e moradia, o que era totalmente inverso do sistema escravista.

Para a Inglaterra, o escravismo era um estorvo ao crescimento do capitalismo industrial. Suas fábricas e o seu capital queriam se expandir a novos mercados, queriam mais consumidores de outros países. E como o Brasil era financeiramente dependente da Inglaterra, ele sofre uma enorme pressão para o fim do escravismo – afinal escravo não consome, apenas sub-existe.

Como tirar o Brasil de tal atraso tecnológico, afinal? A resposta foi a abertura aos imigrantes europeus de vários países, que reuniam várias vantagens: eram brancos; eram experientes com o uso da terra; estavam familiarizados com a industrialização.

Graças à imigração, num curto período de apenas 30 anos – de 1890 a 1920 – a população do Brasil dobrou de 14 milhões para 30 milhões, havendo uma expansão acelerada da indústria e a formação da população urbana. Com isso, multiplicou-se os investimentos estrangeiros que transformaram a maior cidade do país, a que abrigou grande parte do contingente imigrante, tornando São Paulo a metrópole industrial do país. Parte de sua população era composta por imigrantes portugueses, espanhóis, italianos, alemães, árabes, judeus e japoneses, com o duplo objetivo de substituir o trabalho escravo e embranquecer a população.

Tabela da imigração no Brasil, entre 1890 e 1929. *
Italianos
1.156.472
Portugueses
1.030.666
Espanhóis
551.385
Alemães
112.593
Russos
108.475
Japoneses
86.577
Austríacos
79.052
Sírio-libaneses
73.690
Romenos
28.110
Poloneses
28.110
Lituanos
26.374
Iuguslavos
22.127
Outros (Húngaros, tchecos, suíços, etc.)
219.444
* Tabela copiada do livro “Cinco Séculos de Brasil”, página 79.

Embora o Brasil inteiro tenha sido tomado pela imigração dos cidadãos do mundo, foi São Paulo o estado mais contemplado com isso. Os imigrantes agruparam-se em comunidades e introduziram seus costumes, sua comida, sua música, suas expressões idiomáticas, suas vestimentas, seus gostos e seus ideais.

As agitações operárias e as reivindicações por melhorias no trabalho entre 1915 e 1930 foram movimentos influenciados por imigrantes italianos e espanhóis. O Partido Comunista Brasileiro, fundado em 1922, estava ligado diretamente com a recém-formada União Soviética. Todas essas agitações provocadas pelos imigrantes eram um choque para a sociedade brasileira que permanecia com a débil mentalidade senhorial e paternalista, típica da era escravista (aliás, resquícios de tal mentalidade ainda permanecem até os dias de hoje).

@patkovacs

28 de ago. de 2012

Relações Intrarraciais - Parte 1

Todos os povos formando uma só nação.

“Olhe de novo:
Não existem brancos.
Não existem amarelos.
Não existem negros.
Somos todos arco-iris.”
(Daltonismo, Ulisses Tavares)

Os conceitos de Raça e Etnia:

    Os grupos sociais são agrupamento de pessoas que se identificam por características externas culturais e físicas, facilitando a identificação de tais indivíduos com tal grupo e diferenciando um grupo de outro.
   
Grupo étnico é uma população cujos indivíduos têm um senso de identidade baseado em padrões culturais distintos e, algumas vezes, com ancestrais comuns entre eles. Conceitos que são atribuídos a determinada etnia acabam por ser um estigma que o indivíduo carregará mesmo não tendo tão característica em sua personalidade.

    No Brasil, são considerados grupos étnicos os pomerânios do Espírito Santo (imigrantes de etnia alemã vindos da Pomerânia, região entre a Prússia, Suécia e Polônia); os poloneses no Paraná; os italianos em São Paulo; os alemães em Santa Catarina; os ianomâmis em Roraima; os pataxós na Bahia; entre outros.

    Raça é um termo que foi largamente utilizado para explorar as diferenças de cor de pele para classificar os seres humanos. Hoje, a sua importância está nos Estudos Sociais, significando uma população cujos indivíduos possuem certas características físicas. No Brasil, são considerados como grupos raciais os caucasianos, negros e asiáticos.

Forma de integração racial:

    As formas de integração entre grupos raciais e étnicos vai desde a assimilação de grupos originais por outros grupos, ocorrendo diversas vezes na História através das guerras invasivas, dominações de territórios e jugos, até a convivência harmoniosa entre culturas diferentes, nos casos das migrações.

    Assimilação:
    É o processo de integração em que dois ou mais grupos raciais ou étnicos se unem, tornando-se indistintos. No Brasil, por conta da escravidão e das imigrações, houve um processo de assimilação de vários grupos: os italianos em São Paulo; os açorianos em Santa Catarina; diversas etnias indígenas, processo provocado pela dominação portuguesa e jesuíta; diversos grupos africanos de várias partes do Continente Africano em varias áreas do Brasil; etc.

    Nesse processo, a cultura dominada sempre incorpora elementos da dominante.

    Pluralismo Cultural:
    Quando há uma convivência harmoniosa entre grupos étnicos ou raciais dentro de uma mesma sociedade, ocorre o pluralismo cultural. Nessas sociedades, cada grupo, mesmo interagindo com os outros distintos, mantém suas próprias tradições, costumes e língua.

    No Brasil, há o pluralismo cultural mantido por grupos de imigrantes e seus descendentes (alemães, poloneses, húngaros, italianos, finlandeses, holandeses, letões, japoneses, chineses, coreanos, bolivianos) e de habitantes originais, os aborígines brasileiros (xavantes, parecis, pacaás-novos, ianomâmis, terenas, guaranis, etc).

Arquivo-resenha - Raptores, por Milla Palmeira

Esta é a primeira resenha do livro Raptores, Ep. 1, feita pela parceirona Milla Palmeira, do blog literário Daily of Books, publicada em 23 de maio de 2012, um pouquinho só depois do lançamento pelo Clube de Autores =]
Miguel Escobar é um raptor, metade homem e metade lobo, que tem por objetivo proteger a natureza e todos os seres que vivem nela. Vive um romance com Okami, Raptor de Honshu, juntos vivem um belo amor, mas Escobar precisa partir numa de suas missões e quando retorna encontra sua amada morta, assassinada por caçadores.
 
“A Era de trevas que sua amada Okami, Raptor de Honshu preconizou, desabou também sobre Escobar, fazendo-o cair em definitivo no abismo escuro de seu espirito.”
“E Escobar se corrompeu”
 
Também conhecemos Blasco Uchoa, pupilo de Escobar, porém depois da morte de sua amada, Escobar não é mais o mesmo e abandona sua missão, deixando Uchoa só e este passa a treinar por conta própria. 
 
Uchoa protege sua área, possui um amigo que lhe ajuda nesta missão, Aaron, um garoto-cerval.
 
Luzmarina é bióloga, doutora em biologia da conservação, especializada em Bioética e Biomas, seu caminho se cruza com Uchoa, este a observa, testa sua integridade e dali nasce um grande amor, mas primeiro Uchoa tem que se aproximar e conquistar seu amor.
 
E, como sempre, cada vez com maior frequência de noites do que no inicio, há uns três meses, ele surgia ante ela como uma névoa que se condensava tocando-a com uma gentileza firme, em toques tão suaves que era como se uma seda leve deslizasse por sua pele. Tendo por maior impressão o perfume de almíscar que preencha o quarto e o gosto doce e morno em sua boca de seus beijos, sempre calmos e gentis como tudo que ele lhe fazia
Meus amigos, acho que não posso dizer mais, o livro é lindo, sua leitura em nenhum momento se torna enfadonho. Gostei como a autora conduziu a narrativa, valorizando o amor de um “homem” à natureza, aos animais e ao próximo.

27 de ago. de 2012

Lançamento - A Bruxa Mora Ao Lado, de Jossi Borges


No último sábado, dia 25 de agosto, a escritora JOSSI BORGES lançou seu novo livro infanto-juvenil, A BRUXA MORA AO LADO, pelo Clube de Autores.

Nesse projeto novo e despretencioso da autora, Euzinha tive a honra de ilustrar a capa \o/ E, segundo a minha manamiga Jossi, o desenho ficou perfeitamente caracterizado com a história e os personagens ^^

Mais um lançamento nacional independente, de uma literatura honesta mas bem estruturada.

Ao contrário do que o povo imagina, os autores independentes são muito compromissados com seus trabalhos e fazem de tudo (literalmente) para oferecer o melhor aos seus leitores!
Aos autores independentes não faltam talento e competência. Apenas falta grana para pagar uma gráfica-camuflada-de-editora ou a sorte de possuir um Q.I. vantajoso - um Quem Indica bem relacionado.

Confira o livro à venda no Clube de Autores:

Breve trarei a resenha do livro, que você poderá conferir no Alternativos & Independentes e, mais futuramente, aqui também no Patriciado =]

24 de ago. de 2012

Ganhamos um novo selinho!!

Este selinho nos foi presenteado pela Kamilla Borges, autora do Blog Beijos Adolescentes e da super saga Preciosa, com seu primeiro livro publicado pelo Clube de Autores, Cristal.

Obrigadão, K a a h!


Oxumarê - Referências

Já há algum tempo, eu tinha em mente fazer uma série de postagens sobre as referências usadas nas minhas histórias. Comecei com essa série há alguns dias atrás, comentando sobre o uso das ervas em banhos e defumações. Hoje, em 24 de agosto, aproveitando que se homenageia o Orixá Oxumarê, sincretizado com o santo católico São Bartolomeu, inciarei a série de referências sobre os Orixás.

As características dos Orixás aparecem em diversas histórias, até mesmo na inédita "K'ien - O Céu em Ação", que possui grande influência chinesa. Os personagens Huang-ti e Wu-ki são, respectivamente, Ogum e Yemanjá. Porém, apenas na série Orishás, do Projeto Encantados, que eles, os Deuses Yorubás, aparecem em sua completa roupagem.

OXUMARÊ - O Orixá do arco-íris

Os Orixás não são Espíritos humanos que um dia viveram na Terra, evoluíram e ascenderam à condição de Deuses, embora as crenças quedem para esse lado. Orixás são Emanações vibratórias do próprio Criador ( o Deus supremo), regentes das Forças da Natureza no nosso Plano Físico Terrestre. Foram humanizados pelo próprio homem, como forma de aproximá-los do acanhado entendimento que nós, encarnados, possuímos. E cada Orixá rege um elemento da Natureza, servindo de pêndulos equilibradores, cuidando da harmonização da criação divina (toda a natureza, incluindo nós, pessoas humanas, Espíritos eternos).

Oxumarê é um Orixá de dubiedade natural. Nele, Yin e Yang  estão contidos em perfeito equilíbrio. Ele rege tudo que é cíclico, o começo e o fim, os opostos que se unem e se completam. O arco-íris é o seu símbolo de polaridade masculina, a ponte celeste que liga um ponto distante ao outro. Também é o seu símbolo a serpente, representando a sua polaridade feminina. Oroboros, a serpente que faz um círculo de si mesma ao morder a própria cauda, pode ser essa representante.

Oxumarê rege o movimento, a transformação. É ele que impulsiona as rodas do mundo, as rodas da vida. A força que faz as águas descerem do céu, cairem na terra, evaporar e novamente retornar ao céu é a mesma força de impulso, movimento e transformação presente nas vidas de todos os seres da Terra. O ciclo de nascimento-vida-morte-renascimento, que pode ser representado pela Roda de Samsara dos Budistas, está regido por este Orixá que se torna controverso nas mentes focadas apenas nas pequenezas que estão diante de seus olhos, como o fato de acharem que Oxumarê é homem por 6 meses e mulher por outros 6 meses, e que as pessoas nascidas sob a regência desse Orixá tendem ao homossexualismo.

No meu achismo, Oxumarê é melhor representado na forma humana do andrógino. Pode, com mais perfeição, ser ainda representado por Rebis ou Res Bina, o composto alquímico perfeito, em que as polaridades masculina e feminina estão em total equilíbrio.

Culturalmente, Oxumarê é uma Divindade do panteão do Daomé, uma região do centro-norte da África que foi dominada pelos Yorubás. Esse povo, mais voltado à guerra, tendo sua religiosidade pouco desenvolvida, acabou por assimilar parte da cosmogonia do povo daomeano, sincretizando algumas divindades e incorporando outras que não existiam em seu panteão, como é o caso de Oxumarê, Nanâ, Omulu, Obaluauê, Iroko e Ewa.

Assim como todos os outros Orixás, Oxumarê se liga às linhas que regem toda a vida do planeta. Ele está presente no princípio e no fim, auxiliando outras regências e vibrações. Como Força da Natureza, é perfeito, sempre em harmonia com as outras Forças, em mútuo auxílio.

Arroboboi, Oxumarê! 

Para saber detalhes:
Pat Kovacs =]~



23 de ago. de 2012

Arquivo-resenha - Tempo Paralelo, por Roxane Norris

Esta resenha foi escrita por Roxane Norris, autora do livro recém-lançado Eternos e do Blog Eu Amo Livros.
Nessa sinopse você tem a síntese do que encontramos nesse romance da Pat - também conhecida na comunidade de fanfictions de Harry Potter com o pseudônimo de Snake Eyes. Quem nunca se deliciou com a escrita dela, hein? - Em nenhum momento a autora esconde a relação direta de seu romance com a obra de J. K. Rolling, a quem chega a agradecer no prólogo pelo brilhantismo de sua obra e pelas possibilidades de uso da imaginação em mundos paralelos que nos abriu... Mas não vienmos aqui falar da inglesa, não é mesmo?
Vim falar de minha amiga, que se lançou de forma independente nesse mercado competitivo que é o editorial, com garra e determinação. Onde encontramos escritores com uma facilidade nata em escrever e aqueles que sobrevivem em meio ás regras impostas Deus sabe lá por quem e com que direito. Nem todo mundo é um autor brilhante, mas acredito que todos temos o direito de tentar e acreditar em nossos sonhos, e principalmente nos aprimorar. 
Pat Kovacs é um exemplo singular de uma autora que, assim como eu, veio do mundo das fics. Começou claro, como eu, com referências dos fandons onde trabalhou sua imaginação e escrita, e alcançou maturidade suficiente para seguir sozinha. Com tudo que vemos em Tempo Pararlelo surge a certeza de textos bélissimos da autora. Todos nós, autores, por mais que neguemos, começamos nos espelhando em alguém. Geralmente em livros que lemos, filmes que assistimos. Um certo tipo de escrita de autor. Partimos da identificação e afinidade que possuímos com determinado canal cultural. E, na minha opinião, a autora desenvolveu características bem relevantes durante a construção de um texto que aparentemente segue um canon (quem curte fic sabe o que isso significa, quem não, eu explico, canon é quando do texto do ficwriter é factível em relação ao do autor do fandon), mas que tem toda uma ótica dela, Pat Kovacs. E é nesse momento em que você se pergunta de quem é a ótica do que está vendo, porque a Rolling criou, mas a Pat nos dá um mundo paralelo perfeito.
Afinal, na magia, portes se abrem...
Trouxe Tempo Paralelo aqui para homenagear a autora, e também para incentivar os demais autores de fics, que como ela, estão despontando no mercado literário. Talvez vocês até se perguntem o motivo, mas é bem simples: num recente momento que passei com um livro, do qual fui uma das organizadoras, muitos autores eram ficwriters. E acho isso extremamente positivo. 
Então, com todos esses exemplos, não tenham medo de se expor. Esqueçam os preconceitos, quando e se surgirem. Sigam sempre em frente, nós estamos aqui para ajudar.
Parabéns à autora.
Merry Meet !
Roxane Norris     

21 de ago. de 2012

Ervas - Banhos e Defumações



" Defuma com as ervas da Jurema
Defuma com arruda e guiné
Benjoim, alecrim e alfazema
vamos defumar filhos de fé "
(Ponto-cantado de Umbanda, de Domínio Público)

A partir desta postagem, escreverei sobre os elementos que aparecem em algumas das minhas histórias.
A maioria dessas histórias pode ser classificadas de Literatura Fantástica, mas isso não quer dizer que os elementos que as compõem sejam mesmo "fantásticos". Obviamente que muitos deles serão atribuídos às crenças de cada pessoa - se crê em algo, então se tem a certeza da existência (como é o meu caso). Real ou não, ilusão ou não, muitos desses elementos estão dispersos à nossa volta desde tempos imemoriais, muitos tão enraizados em nossas vidas e cotidianos que nem nos damos conta disso.
Sem o fanatismo religioso ou científico, para mim tudo é Natureza. E sei que o Universo é incomensuravelmente gigantesco, não cabendo dentro dos conceitos tacanhos das nossas religiões ou ciências. Então, tão estúpido quanto a crença cega, é o ceticismo cego, também. Se o crente fanático é um desvairado, o ateu fanático, ou simplesmente ateu, é igualmente desvairado, com o agravante de que ele, ao querer tanto desmistificar as idiotices religiosas, acaba por reforçá-las.
Nesta primeira postagem, segue uma explicaçãozinha básica a respeito do uso das ervas em banhos e defumações. Dentro do texto haverá links para explicações minunciosas a respeito de temas pouco populares. Bom desfrute com as ervas da Jurema ;]
As inúmera utilidades no uso das ervas e plantas vêm desde a antiguidade, muito e muito antes que os toscos inventassem que isso é coisa de bruxaria - ou, mais apropriadamente dizendo, "coisa do mal".

Para uso medicinal ou apenas para o bem-estar, as ervas vêm sendo utilizadas como temperos, chás e bebidas variadas, perfumaria e cosmética, banhos e aromatizantes. Todos esses usos vão desde o trivial caseiro até o magístico e religioso.

Mas é sobre o seu uso magístico e religioso que quero comentar, pois muitas pessoas, envenenadas pelos séculos da ignorância, ainda acreditam que o uso das ervas em banhos e defumações são "coisas do capeta".

Para começar, isso de "coisa do capeta" é um ledo engano. LEDO mesmo! Do tipo: é pra rir de conceitos desse tipo. Coisa de gente que não é apenas ignorante por falta de informação (que agora se consegue fácil em qualquer lugar). É ignorante por ser irracional.

Se alguém aí já leu a introdução de Tempo Paralelo, deve se lembrar dessa frase: "No mundo que nós conhecemos, há um mundo que desconhecemos". Então. Há milhões de coisas que desconhecemos e elas sequer precisam da nossa consciência ou da nossa crença para existirem. Existem, independente da nossa permissão.

E esses mundos que (alguns de nós) desconhecemos, estão em Planos Dimensionais mais sutis e menos densos que o Plano no qual estamos inseridos, cuja onda vibratória é mais lenta, fazendo a matéria mais densa. E no específico Plano menos denso (sempre se tomando por base a nossa realidade da Terra), há uma intensa manifestação de vida, ainda maior do que aqui.

E essas vidas são várias, tantas que algumas são "artificiais", isto é, que não são criações divinas, mas "criações" de criaturas como nós. E essas criações artificiais recebem o nome de "Formas-pensamento".

E o que as ervas no uso da defumação e de banhos têm a ver com isso?

Nada. Mas elas são preciosas auxiliares na solução para esse problema de formas-pensamento, larvas astrais, vibriões psíquicos. Logo, se algo ajuda a sanar um mal, mau não pode ser, correto? 

32. Então foi-lhe apresentado um possesso cego e mudo, e ele o curou, de modo a que começou a falar e a ver. Todo o mundo ficou cheio de admiração, e dele diziam: Não é este o filho de Davi?
Porém os fariseus, ouvindo isso, diziam: Este homem expulsa os demônios por virtude de Belzebu, príncipe dos demônios.
Ora, Jesus, conhecendo seus pensamentos, lhes disse: Todo reino dividido contra si mesmo será arruinado; e toda cidade ou casa que esteja dividida contra si mesma, não poderá subsistir. _ Se Satanás expulsa a Satanás é dividido contra si mesmo; como, pois, seu reino subsistirá? _ E se é por Belzebu que expulso os demônios, por quem vossos filhos os expulsam? É por isso que eles mesmos serão vossos juízes. _ Se expulso os demônios pelo Espírito de Deus, o reino de Deus chegou a vós. (S. Mateus, Cap. XII, vers. 22 a 28).
Viu? Palavras de Jesus - graças a Deus!

Voltando ao assunto: como as ervas podem ajudar?

O Universo é feito de energia. Nós somos energia. A matéria é energia condensada. Nosso espírito é energia. Nossos 7 corpos astrais, cada um vibrando numa frequência, sendo mais ou menos densos, são energia. É uma Lei Física que 'os iguais se atraem'. Essas formas-pensamentos ou vibriões psíquicos, constituídos de matéria bioplasmática deletéria, podem vir a se agregar ao corpo espiritual ou astral daquele que vibrar na mesma sintonia que eles. Por exemplo: uma forma-pensamento produzida pelo ciúme será atraída por esse mesmo "sentimento" deturpado ou por um equivalente, alimentando-se da energia gerada por ele, sobrecarregando o corpo espiritual, causando o popular "carrego".

E o que o banho de ervas faz?

A energia prânica extraída da erva fará uma limpeza no corpo sutil. De acordo com o Elemento (Terra, Ar, Água, Fogo) de que a erva for constituída, esse banho poderá ser "fraco", "médio" e "forte". Por exemplo: uma erva que é da vibratória do Elemento Ígneo, terá uma energia yang, mais agressiva em relação a uma erva do Elemento Hídrico. A composição de ervas determinará a "força" desse banho.

Vale lembrar que nem todos os banhos de ervas são para limpeza dos corpos sutis. Esses banhos também podem ser para energização ou lustral, ou Amaci, no caso do uso religioso. É aconselhável, no entanto, que sempre depois de um banho de limpeza se faça um de energização. A Alfazema, por exemplo, é a erva mais conhecida e eficiente para energizar. E com ou sem banho de ervas, é sempre muito agradável tomar um enxágue feito com algumas gotas de essência de Alfazema.

E quanto ao uso da defumação?

Lembra das tais formas-pensamento? Pois é, elas não vivem apenas agarradas aos corpos sutis das pessoas, alimentando-se das suas energias. Elas vivem soltas por aí também, vagando até encontrarem um hospedeiro que as alimentem. Essas formas juntas recebem o nome de 'egrégora'.

Da mesma forma que os elementos energéticos das plantas são liberadas para a água dos banhos, o fogo fará essa liberação através da queima das ervas e, através do ar, essas energias benéficas atuarão destruindo e desagregando as formas-pensamento. Aqui, na defumação, também vale a mesma "regra" para os banhos: de que determinada erva e determinada composição de ervas fará a defumação ser mais ou menos "forte".

Os melhores defumadores são aqueles preparados pela própria pessoa, com ervas que foram colhidas no tempo certo (com a Lua, o dia e o horário apropriados), frescas e postas para secar naturalmente. Os incensos em palitos ou pastilhas, muito mais práticos, não são eficientes, mas úteis para o cotidiano, para se manter um pequeno ambiente em equilíbrio. Na crença oriental da antiguidade, acreditava-se que a fumaça expelida subia até os céus, levando a mensagem aos Deuses, tal qual a nossa prática popular de acender velas para os santos.

Aliás, o uso das velas em rituais magísticos ou religiosos é um outro assunto que tratarei numa outra postagem. Assim como os banhos e defumações, o uso das velas vai muito além da crendice popular: são artefatos poderosos que canalizam a nossa vontade. Afinal, somos Deuses, mas ainda não estamos convencidos disso, portanto precisamos de instrumentos para nos ajudar a direcionar nossa Força.

Saiba mais:
Uso das Ervas
Banhos e Defumações
Banhos e Defumações na Umbanda

Bjxxx!

Pat Kovacs =]~


18 de ago. de 2012

Teatro - Escravas do Amor

Ontem foi dia de TEATRO!

Fui ao Teatro Municipal Carlos Gomes com minha amiga May-chan (que atualmente está trabalhando numa obra de restauração no local), para assistir a peça "Escravas do Amor", adaptada do texto de Nelson Rodrigues pelo diretor João Fonseca e com atuação da Companhia Os Fodidos Privilegiados.

A mim, que não sou lá entendida do assunto, a atuação dos atores foi impecável. Para alguém que tem uma memória de peixe como eu, é extasiante ver outros recitando textos completos sem vacilar numa palavrinha sequer! E os atores (13 no total, representando os vários personagens do conto de Nelson Rodrigues) não apenas recitam os textos, narrando a história cada um por sua vez, mas também, e obviamente, declamam as falas de seus personagens e representam dramaticamente, dando o tom de comédia da peça - e eles fazem isso por quase 2 horas ininterrúptas!

O cenário se limita ao painel de fundo do palco, em que uma enorme espiral é feita por rosas vermelhas, que dá uma bela impressão tridimensional assim que as cortinas se abrem e mostram as mulheres da peça sentadas nas cadeiras em poses que vão da recatada à ausada.
As cadeiras são o único mobiliário da peça, que são usadas desde cadeiras como são até a representação de cama e carro. As luzes coloridas projetadas acompanham a dramaticidade, completando a ambientação.

Achei a tudo super dinâmico e criativo. Sem o apoio de cenários arrojados, todo o sucesso do trabalho fica a cargo apenas dos competentes atores ^^

Saiba mais sobre a peça, a Companhia e a programação:

Release
Escravas do Amor é uma comédia delirante, repleta de surpresas e reviravoltas. Ambientada na década de 40, narra a misteriosa morte de Ricardo no momento em que ele pede a mão de Malu em noivado. Outra delícia do espetáculo é seu sabor tipicamente anos 40 - os trajes de banho são maiôs de borracha ou sarongues; as mulheres usam cinta, combinação e meias; e um beijo na boca significa um compromisso eterno. Os grandes personagens são a mulheres: Malu, Lígia, Glórinha, todas tentadoras, cruéis, traiçoeiras - e quando se começa a torcer por uma em detrimento das outras, surge uma revelação que vira a trama pelo avesso. 

Pequeno Histórico
O espetáculo Escravas do Amor estreou no dia 14 de abril de 2006 no centro Cultural telemar - hoje rebatizado de OI FUTURO - e permaneceu em cartaz por três meses com grande sucesso de público e de critica, depois fez uma pequena temporada de 01 mês no teatro Glória junto com outras três peças do repertório da companhia, em comemoração aos seus 15 anos de existência. Em março 2007 reestreou no teatro Leblon permanecendo em cartaz por mais dois meses.

Foi indicado ao Prêmio Shell de melhor espetáculo.
Foi indicado ao Prêmio Eletrobrás de Melhor espetáculo e melhor Figurino.
Este foi o primeiro espetáculo da companhia totalmente patrocinado por uma empresa privada.

17 de ago. de 2012

Promoção Dia do Folclore - Livros com desconto \o/

Volta e meia o Clube de Autores nos surpreende com alguma promoção (pena que eles avisam aos autores muito em cima do prazo, o que dificulta de fazermos as nossas próprias promos sobre as promos deles).

Bem, desta vez a promo é em comemoração ao Dia do Folclore, que será em 22 de agosto. Portanto, todos os livros do CA estão com 25% de desconto. Pode pagar com cartão de crédito, parcelar em até 12 vezes e escolher o registro módico para envio pelo Correio, que é a modalidade de frete mais barata.

Então, ainda não tem os livros da Pat Kovacs? E está querendo? Olha só que ótima oportunidade para adquirir Raptores, Contos Sem Classe, Tempo Paralelo e Projeto Encantados \o/ Até eu vou aproveitar essa super promoção para adquirir os exemplares que enviarei em doação a uma biblioteca aqui do Rio ^^

Aproveite essa oportunidade. A minha página no CA é esta aqui: www.clubedeautores.com.br/authors/16233.

A promo vai somente de 16 a 22 de agosto.

Bom proveito o/

Arquivo-resenha - Contos Sem Classe

A partir de agora, compilarei para o Patriciado as resenhas que são feitas para os meus livros. Caso o blog ou o perfil que resenhou deixe de existir, não perderemos os arquivos.

A primeira resenha a ser arquivada aqui é de César Soares Farias, autor do livro O Grande Pajé e do blog Experiência & Atitude.

Esta resenha foi publicada originalmente no Skoob.

Contos Sem Calsse, Textos Sem Curso
“Podemos não ter a classe e nem seguir o curso que outros determinam, mas nem por isso devemos sair da estrada”.
Felizmente para os leitores que, como eu, lançam-se com freqüência á garimpagem de novos nomes da literatura nacional, Snake escreveu e honra as palavras transcritas acima. Sem abalar-se com a rejeição sofrida em diversos concursos de contos que participou, a autora transforma a sua indignação nesta coletânea que representa um bem sucedido experimentalismo que aponta para várias direções. Somente a pena de uma escritora que transborda sensibilidade é capaz de lidar tão bem com as dualidades mundanas, como o faz ela em dois momentos distintos. Em “Demônios nas Sombras”, temos uma incursão às mais baixas regiões vibratórias da Terra, onde o medo e os instintos violentos imperam. Já em “Amores Platônicos”, somos conduzidos a um lírico passeio no parque, para admirar, á poucos metros de distância, um romance recheado de predicados próprios da juventude. Esse dois exemplos ilustram o quanto somos invadidos por sensações e sentimentos antagônicos durante a leitura dos contos, o que faz da obra uma multicolorida vitrine onde Snake expõe tendências, contradições e facetas presentes no espírito humano.
Com efeito, ao final da coletânea, somos levados a questionarmos até que ponto o talento do autor é, efetivamente, o fator determinante para o sucesso nos famigerados concursos literários que abundam por aí.

16 de ago. de 2012

16 de agosto - Homenagem ao Orixá OBALUAYÊ

Salve Omulu! Salve Obaluauê! Salve Xapanã! Salve São Roque!

Hoje é o dia estipulado para homenagear Omulu, Orixá de origem no Daomé, considerado por uns como o senhor das pestes e doenças, mas também o Pai que trás a saúde e bonança.

Então, a mensagem para vc é esta: Use as palhas não para ocultar suas chagas, mas para não ofuscar com o seu brilho.

O texto a seguir é transcrito do boletim doutrinário da Cabana do Caboclo Rompe Mato.

Para mais textos, acesse o Blog Matéria Astral (que também está sob a minha batuta ;)
O grande laboratório da natureza está afeto à administração do grande Orixá Obaluayê, Senhor da transformação e agente cármico a que todos os seres vivos estão subordinados. A percuciência de sua ação nada lhe passa despercebido; seu poder estende-se às mais variadas formas físicas terrestres possibilitando, assim, a libertação das moléculas que, por sua vez, irão constituir novos corpos.

Obaluayê é o Orixá que atua na Evolução e seu campo preferencial é aquele que sinaliza as passagens de um nível vibratório ou estágio da evolução para outro.

O Raio da Evolução, cujo pólo magnético positivo, está no Orixá Obaluayê, e em cujo pólo magnético negativo, feminino e absorvente encontramos a Orixá Nanã Buruquê é um Raio  essencial no crescimento dos seres. Ambos são Orixás de magnetismo misto e cuidam das passagens dos estágios evolutivos.

Ambos são Orixás terra-água. Ambos atuam em total sintonia vibratória, energética e magnética. E onde um atua passivamente, o outro atua ativamente.

Nanã decanta os espíritos que irão reencarnar e Obaluayê estabelece o cordão energético que une o espírito ao corpo (feto), que será recebido no útero materno assim que alcançar o desenvolvimento celular básico (órgãos físicos).

É a Vibratória do Orixá " Obaluayê " que reduz o corpo plasmático do espírito até que fique do tamanho do corpo carnal alojado no útero materno. Nesta redução (que é um mistério de Deus regido por Obaluayê), o espírito assume todas as características e feições do seu novo corpo carnal, já formado.

Obaluayê é de energia Terra, pois cura, transmuta, germina e acolhe. Como Orixá Sábio e Ancião, estimula momentos de introspecção e de auto-reflexão.

Aliás, sua maior representação está na figura e no elemento ‘PIPOCA’.

“Se cobrir com as palhas desse Orixá é procurar dentro de si a cura de seu espírito e de suas mazelas.

Se banhar com as pipocas de Obaluayê é transformar a vida em um lindo jardim cheio de flores brancas e perfumadas.

Saudar Obaluayê é clamar pelo silêncio da emoção desenfreada a fim de ouvir a voz da sapiência.

Tocar na terra três vezes ao saudar Obaluayê é acordar a terra e cultivar a esperança da sensatez.

Fazer o sinal da cruz no chão é afirmar que aceita as dores da matéria, na matéria, enquanto o espírito afirma a importância da regeneração e da renúncia para a sua evolução e evolução da humanidade.”

Atoto Obaluayê
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