22 de jun. de 2013

Resenha - A Maldição do Tigre

Sinopse:
Paixão. Destino. Lealdade. Você arriscaria tudo para salvar seu grande amor? Kelsey Hayes perdeu os pais recentemente e precisa arranjar um emprego para custear a faculdade. Contratada por um circo, ela é arrebatada pela principal atração: um lindo tigre branco. Kelsey sente uma forte conexão com o misterioso animal de olhos azuis e, tocada por sua solidão, passa a maior parte do seu tempo livre ao lado dele. O que a jovem órfã ainda não sabe é que seu tigre Ren é na verdade Alagan Dhiren Rajaram, um príncipe indiano que foi amaldiçoado por um mago há mais de 300 anos, e que ela pode ser a única pessoa capaz de ajudá-lo a quebrar esse feitiço. Determinada a devolver a Ren sua humanidade, Kelsey embarca em uma perigosa jornada pela Índia, onde enfrenta forças sombrias, criaturas imortais e mundos místicos, tentando decifrar uma antiga profecia. Ao mesmo tempo, se apaixona perdidamente tanto pelo tigre quanto pelo homem. A maldição do tigre é o primeiro volume de uma saga fantástica e épica, que apresenta mitos hindus, lugares exóticos e personagens sedutores. Lançado originalmente como e-book, o livro de estreia de Colleen Houck ficou sete semanas no primeiro lugar da lista de mais vendidos da Amazon, entrando depois na do The New York Times.

Meu Achismo:

A Maldição do Tigre é uma Ficção Fantástica em que, no pano de fundo, há um relacionamento entre uma garota humana aparentemente comum e um "ser sobrenatural". Romance do tipo que se tornou moda nos últimos 10 anos.

Achei a história muito boa no início, o que me surpreendeu, pois mostrava e prometia algo totalmente diferente dos livros de igual temática. Mas a originalidade não sobrevive além das primeiras 100 páginas. Isso quer dizer que meu palpite era certeiro, antes de começar a ler.

Para começar, o livro é narrado em primeira pessoa (coisa que não gosto), e quem conta a história é a própria Kelsey Hayes, a protagonista, uma garota de 18 anos que arranja um trabalho temporário num circo em que há um raro tigre branco como atração. 

A Maldição do Tigre começa de uma forma que prometia trazer um diferencial e ser um algo a mais que apenas entretenimento. Definitivamente, a autora Colleen Houck perdeu uma ótima oportunidade de ajudar a melhorar o mundo.

Kelsey Hayes é uma garota que está preste a fazer 18 anos e a ingressar na faculdade. Para ajudar a comprar o seu material de estudos, ela arranja um emprego de verão no circo instalado na cidade onde mora com os seus tutores, onde ela trabalhará cuidando, especialmente, do tigre branco de nome Dhiren, que ela chamará o tempo todo de Ren...

Há cinco anos, os pais de Kelsey morreram em um acidente de carro e ela passou a viver com uma família adotiva vegan - e essa qualidade me surpreendeu!

Por esse início, achei que o livro se valeria para protestar contra o uso antropocêntrico dos animais, desde o fornecimento para a alimentação até o absurdo uso na diversão inútil (como é nas atrações de circo). Mas, como disse lá no início da postagem, o livro começou bem e acabou muito mal na fita.

Kelsey é uma garota solitária e traumatizada com a morte dos pais. Porém, no circo, ela encontra no tigre 'alguém' com quem partilhar e amenizar a sua dor e solidão, ao perceber no animal a solidão e angústia de 'alguém' que vive uma sub-existência escravizada.

Então, sempre que pode, Kelsey passa um tempo na companhia do tigre: conversando, lendo e até mesmo desabafando suas mágoas. Um belo dia, porém, algo diferente acontece: Kadam, um ricaço indiano aparece no circo e compra Dhiren por uma fortuna e, de quebra, contrata Kelsey para cuidar do tigre durante o translado para a Índia e durante as primeiras semanas de adaptação do felino em sua nova vida em uma reserva biológica.

A partir daí, a americana comum e órfã passará a viver incríveis aventuras permeadas de elementos da Mitologia Hindu, o que, de positivo, é um diferencial e tanto, que quase - eu disse 'quase' - dá conteúdo e substância à trama.

Eu acho terrivelmente patético essa tola mania de autoras (e alguns autores) criarem o mocinho da história como um homem extremamente lindo, musculoso e pooodreee de rico! Pior fica quando o cara enche a heroína de presentes caros e praticamente passa a bancar a vida dela, dando-lhe tudo do bom e do melhor de mão beijada! É aí que A Maldição do Tigre começa a desandar, degringolando de vez quando Dhiren e Kelsey enfrentam diversas aventuras ao pior estilo Indiana Jones :/

Ah, esqueci de mencionar: Dhiren é um príncipe indiano amaldiçoado em um corpo de tigre, o que daria uma história maravilhosa se o seu íntimo fosse esmiuçado por uma narrativa onisciente que preza a subjetividade.

E Kelsey seria uma personagem realmente cativante se não tivesse mudado sua personalidade para uma boçal sarcástica de piadas sem graça em momentos pra lá de inoportunos, com um duvidoso e muito pouco convincente conflito interno, em que misturou o trauma pela perda dos pais com um complexo de inferioridade forçado, surgido justamente depois de viver coisas incríveis, inclusive depois de receber as bênçãos da própria Deusa Durga, que a trata por filha e ainda lhe dá preciosos presentes, como uma arma poderosa que só ela e Dhiren podem manusear, e Fanindra, a Rainha das Cobras, que se camufla em um bracelete de ouro - e que essa paspalha da Kelsey ainda tem a coragem de fazer pouco-caso!

Quanto aos outros personagens de maior destaque - Kadam, Dhiren e Kishan - apesar de falar algo de suas vidas, muito pouco foi dito sobre a personalidade de cada um, a não ser o básico para satisfazer a protagonista e girar em torno do mundinho dela.

Infelizmente, A Maldição do Tigre é apenas um livro para mero entretenimento, do tipo lido e descartado. Pela ânsia de se mostrar uma trama delineada para o Cinema, algo totalmente comercial, o livro perdeu a oportunidade de se mostrar libertador pela Causa Animal. Kelsey começou a trama como vegana (mesmo que forçada pela família adotiva) e terminou se alimentando dos mais diferentes animais, passando uma imagem negativa do estilo de vida vegan. Também poderia promover a Libertação Animal dos espetáculos, servir de crítica aos circos e zoológicos... mas não passou nem perto disso!

O livro só serve mesmo para passar o tempo na condução ou em uma fila de espera. Portanto, não jogue seu dinheiro fora com ele e menos ainda com a série completa, que está em 4 livros. Se quiser muito ler, procure e-book pirata e faça download. Esse tipo de descartável merece se pirateado.

Lamentável.

Um comentário:

Unknown disse...

Ahhh, ainda bem que não comprei!! Eu tinha lido a sinopse, na época do lançamento, e tinha me parecido algo original. Ainda mais tendo a Índia como cenário (sempre fui fascinada pelos mistérios da Índia, desde a época da infância e dos desenhos de Mogli).Mas, de acordo com sua resenha, a protagonista é uma chataaaa. Nem vou perder tempo com esse livro (apesar de ter o ebook aí, pela net afora, pronto para se fazer download).

Valeu pela resenha, Pat. Bem esclarecedora.
:)

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