27 de jan. de 2012

Lugares - Barra de São João

Prainha - Barra de São João, Casimiro de Abreu - RJ. Foto de Anderson, retirada do site Olhares.com.

Há algumas localidades no enorme Rio de Janeiro - embora no mapa ele pareça pequenininho - que recebem de batismo os nomes de santos, como São Pedro da Aldeia, São João da Barra e Barra de São João (note que as duas últimas têm o mesmo nome, mas com o sobrenome trocado de posição, rs, mas não são o mesmo lugar e tampouco ficam próximas uma da outra).

Nesta postagem, quero falar de uma dessas localidades: BARRA DE SÃO JOÃO, berço do poeta Casimiro de Abreu, uma cidadezinha que fica entre serra-rio-mar, abençoada por São João Batista de todos os lados: pelo Morro de São João (uma enorme montanha que foi em idos tempos um vulcão que originou toda aquela região e hoje ainda é possível encontrar uma fina canada de lava (piche) a menos de um metro abaixo do solo); pelo Rio São João, um rio caldaloso que desce lá do morro e deságua na praia, logo ali próximo do Museu Casa Casimiro de Abreu, que foi a casa aonde o poeta nasceu.

Na foto acima, vê-se a praia formada pelo encontro das águas do rio com o mar, chamada Prainha. A aparência calma é enganadora, pois além do limite do cás a corretenza é muito forte e é muito profundo, tanto que é acesso a embarcações de médio porte. Ao fundo, vê-se parte da Serra Macaense e à esquerda um pedacinho do Morro São João.



Lá tem tudo o que amo, embora não se encontre em condições perfeitas. A cidade fica entre o rio e o mar, e as ruas antigas do centro são ainda em pé-de-moleque (pedaços de granito socados no chão, feitos ainda por escravos), com algumas calçadas gramadas e com canteiros, e casas coloniais ainda da época do império com seus telhados de olaria feitos, literalmente, nas coxas. Um lugar calmo para se ouvir a natureza, sentir o vento, andar ao ar livre - coisas que a maioria dos veranistas não sabem aproveitar, quando vão nos feriados ou alta temporada e ficam socados dentro dos carros, formando engarrafamentos e poluições, incapazes de andar um ou dois quilômetros para apreciar o ambiente. O melhor está do lado de fora, no vento que sopra, no sol que aquece, nos cheiros de mato e mar.

Casas coloniais do século XIX, quando Barra de São João apenas era uma bucólica aldeia de pescadores. Estas casas - não se engane, são casarões enormes - ficam na Av. Beira Rio e seus moradores têm uma abençoada vista do Rio São João com sua restinga natural e o Morro logo atrás, tal qual um gigante protegendo o seu reino.
Eu costumava dizer que o melhor de lá é a pouca gente que mora, resultando daí menos babacas por metro quadrado, o que infelizmente não ocorre na cidade grande, nem em bairros afastados. Ainda é possível caminhar ou pedalar por quilômetros sem encontrar uma viva alma humana pelo caminho, e na época em que morei em Rio das Ostras, fazia isso todos os dias: caminhava pela manhã, a pé ou de bicicleta, uns cinco ou mais quilômetros só para ir ao mercado - foi a época mais feliz para as minhas pobres pernas, kkk.

Quando comecei a frequentar a região - logo no ínicio de 1995 e eu então com meus saudosos 19 anos - o que mais me admirava é encontrar bicicletas sozinhas, paradas no meio fio, esperando por seus donos, sabe-se lá onde estivessem. O lugar era tão abençoado que se podia dormir com as portas abertas! Imagine isso à vista de um bicho de cidade grande como eu, que anda pelas ruas desconfiado daquele que passa por você a menos de um metro e que além de morar em condomínio fechado, tem muros que ocultam toda a vista da casa e as janelas têm grades chumbadas!?

Não é à toa que acreditei que aquilo fosse o esboço do paraíso e, desde o primeiro dia, em janeiro de 95, no feriado de São Sebastião (padroeiro do RJ), dia 20, eu me encantei e tive meu coração roubado pela bela cidadezinha, que, na verdade, é um distrito de Casimiro de Abreu e que Rio das Ostras (outrora também distrito da mesma cidade) fica de olho gordo nela, querendo agregá-la às suas dependências de toda forma, de olho na fatia de royalty do petróleo.


Foto de Danilo Pedroso. A capela de São João Batista é tombada pelo Iphan, como patrimônio histórico, e nos fundos dela, deitados eternamente em seu último berço a olhar para o mar aberto, os primeiros moradores da cidadezinha, inclusive o próprio poeta Casimiro de Abreu. Veja mais aqui.


Como pode notar por essas poucas linhas mal escritas, que Barra de São João é rio-mar-montanha, é também paz e tranquilidade para os espíritos cansados, é história, é cultura e até literatura! Está apenas a 174 km do Rio. Para ir do Rio para lá, você pode optar por dois caminhos, um mais longo e outro mais rápido, ambos com paisagens maravilhosas que felicitarão ainda mais a sua viagem.

>> Pela BR 106, depois de sair de Niterói, pegando o mesmo caminho que levará às praias da Região dos Lagos, como Araruama, São Pedro, Cabo Frio e Búzios. Nessa BR, você passará por algumas montanhas e praias. Chegará à Barra por Cabo Frio, pela Amaral Peixoto.

>> Pela BR 101, depois de sair de Niterói, pegando o caminho que vai para Rio Bonito (uma cidade construída nas montanhas!), e entrará em Barra de São João por Casimiro de Abreu. Nessa BR, você verá muuita roça e montanhas exuberantes, com sua floresta de Mata Atlântica ainda intocada em muitas áreas. São nessas que está o santuário dos Micos Leões Dourados. Tem uns restaurantes e lojas de artesanato na beira da estrada que merecem a sua visita!



Foto de Didi Rodrigues. Capela de São João Batista.

A ponte que caiu. Tombada duas vezes. A segunda como patrimônio histórico. Ao fundo, a Capela de São João e Prainha.

O Rio São João.

Navegável. Ainda possui uma margem de mangue intocado. Ao fundo, um pedaço do Morro São João.

Morro São João. O gigante adormecido.



Praça As Primaveras, centro de Barra, e a casa onde Casimiro de Abreu nasceu e passou a infância.

Termino esta postagem na certeza de não ter conseguido dizer tudo que queria e passar para você toda a impressão que tenho do lugar. O que esse lugar representa para mim é mais do que consigo expressar em palavras (o que é frustrante a uma aspirante a escritora), por isso enchi a postagem de fotos e, ainda assim, não acho suficientes, pois gostaria de mostrar a você todas as ruas da cidadezinha; todos os caminhos; as casas com seus quintais imensos e seus jardins, uns cuidados, outros mais naturais; suas árvores; sua orla, cuja praia tem uma enorme extensão gramada; as ondas que estouram forte no Praião; a vista distante de Rio das Ostras e Búzios; o Morro do Telégrafo, um apêndice de terra que entra na foz da Prainha e super tranquilo para se dar uma volta de exploração (até a minha mãe conseguiu fazer a caminhada, mesmo com seus problemas de saúde e idade). O que eu queria mesmo é te pegar pela mão e levar a todos os recantos de lá e apontar para tudo que acho gostoso e lindo, desde o chão de paralelepípedos, passando pelas casas coloniais, até as enormes amendoeiras que lá fazem dossel. Acho que, só assim, conseguiria exprimir a você os meus sentimentos por essa maravilhosa localidade =]

26 de jan. de 2012

Conto - Amores Platônicos

Um continho para quebrar a monotonia. "Amores Platônicos" está publicado na Coletânea "Contos Sem Classe".

O parque era o lugar mais agradável daquela cidade, onde as pessoas de diversas ocupações e estilos de vida iam para buscar descanso, tranquilidade ou distração, não exatamente tudo isso e nesta ordem.

Havia duas ou três árvores muito antigas, daquelas que parecem ser várias grudadas numa só. Elas até tinham nome e sobrenome escolhidos por votação popular décadas atrás. As outras árvores do parque eram jovenzinhas se comparadas às três anciãs. Havia Ipês, Paus-ferros, Patas-de-vacas, Acácias que, em época de florescência, eram um espetáculo para a visão e olfato.

Também havia uma lagoa artificial, com um chafariz ao centro encarregado de oxigenar a água. E nessa lagoa viviam muitos peixes ornamentais, tartarugas, gansos, patos e até garças oportunistas. Estas últimas não eram moradoras do parque, apenas lá iam para uma refeição fácil, já que peixinhos tinham em abundância, o que não era mais uma realidade nos rios naturais e no mar da beira da praia. Então, com tantos agradáveis atrativos, não é de se admirar que os citadinos enchessem o parque nos finais de semana e feriados.

Lá também era o refúgio dos amantes da arte: pintores, desenhistas, fotógrafos, músicos e escritores. Trabalhavam em suas obras ou usavam o lugar para apresentá-las ao público ocasional. E este era o caso de Gabriel, poeta e escritor lírico que gostava de buscar naquele lugar as influências para suas obras.

E havia uma grande influência ali para ele... uma verdadeira inspiração: a sua musa secreta.

Por meses, há quase um ano, Gabriel via uma moça que, para ele, era linda como Iracema. Naquela miscigenação única, encontrável apenas em nossa bela terra, a moça nasceu abençoada com uma pele lisa de urucum, cabelos negros e escorridos, e olhos puxados com as íris que variavam de cor conforme a luz: ora eram castanhos claros, ora verdes, ora dourados. E, o que havia de mais belo e divino nela, aos olhos de Gabriel: a sua vivacidade e sua luz que eram transmitidas em seu olhar luminoso, no sorriso espontâneo, nos gestos suaves. Há meses que Gabriel via a moça chegar ao parque com uma bolsa grande de algodão pendurada no ombro, de onde retirava uma manta e estendia sobre o gramado, sob a proteção de uma das três árvores anciãs. Sentava-se tão levemente, com seu longo vestido esvoaçante, que parecia flutuar, e as saias se esparramavam em toda a volta dela. Ajeitada, a ninfa cabocla puxava de sua bolsa um livro que prontamente começava a ler. Gabriel até já tinha notado que era um livro diferente por semana e anotado quantos ela lera até então.

Ele era ainda um homem jovem com algum belo atrativo. Não era tímido, senão jamais seria capaz de ir à frente do público para recitar seus próprios poemas no saraus que costumava frequentar. Também não era nenhum intelectual recluso, que não estava acostumado a lidar com pessoas, muito pelo contrário; era professor universitário acostumado a lidar com a diversificada fauna humana.

A moça o atraia de tal forma que se poderia dizer que ele vivia uma paixão platônica e, em seus devaneios, era assim que preferia que permanecesse. Preferia isso a arriscar perder tudo. Mas, qual “tudo”? Preferia a paixão platônica a perder sua musa inspiradora de seus poemas e a heroína de seus romances.
Agora, o porquê de um homem jovem, bem apessoado, de bom intelecto e educação, e um nível social decente, acreditar que se investisse na paquera, acabaria por levar um fora, era uma incógnita... mas, se observar atentamente, descobrirá a resposta.
Ana era uma cabocla linda em seus vinte e poucos anos. A beleza de sua pele e de seus cabelos herdara de seu pai, um indígena Guarani que, há muitos anos, deixara o interior para estudar e trabalhar na cidade. A beleza de seus olhos e de suas formas ela herdara da mãe, filha de imigrantes europeus, que ganhava a vida como empregada doméstica em casas de família.

Ela era uma moça humilde, que lutava para ser cada vez melhor, suportando empregos desgastantes e mal remunerados durante o dia e buscando uma melhor instrução nas escolas noturnas que nem sempre conseguia dar continuidade sequenciada. Por causa da vida difícil da família pobre, Ana parava os estudos, às vezes por anos, tanto que aos vinte e poucos ainda perseverava em terminar o nível médio.

Mas, mesmo com as dificuldades para adquirir instrução, Ana nunca deixava de estudar.

Desde que aprendera a ler, mesmo que tardiamente aos quase 18 anos, ela estava sempre lendo algo. E, depois que se associou à biblioteca municipal do bairro, ela praticamente lia um livro por semana, mesmo com o tempo escasso livre que possuía.

O maior tempo que dedicava às suas leituras era nas tardes de sábado, quando voltava do trabalho que lhe tomava toda a manhã e adiantava algum serviço de casa que somente dava para fazer nos finais de semana. Embora ela não pudesse se dar ao luxo de passar horas com seus livros, Ana fazia o sacrifício de deixar algumas coisas de lado para isso... pois eram os livros que traziam cor e sabor à sua vida insípida. E as idas ao parque traziam conforto e alento ao seu coração, pelos diversos atrativos que lá havia: as árvores, o cheiro sempre fresco de mato; as aves que andavam e voavam por todos os cantos; a alegria das crianças; o clima harmônico que lá se encontrava pelas pessoas com bons pensamentos na cabeça e bons sentimentos no coração e... pelo rapaz tão bem alinhado que sempre estava por lá, nos bancos de madeira que ficavam na outra margem da lagoa artificial, sempre com um caderno e caneta em mãos, sempre escrevendo algo. Mesmo à distância, Ana percebia, pela aparência e comportamento dele, que ele era uma pessoa de grande instrução e de nível social muito mais elevado que o dela.

E na sua timidez de moça humilde que sempre teve que lutar muito para ter o básico, Ana vivia a sua paixão platônica, um amor recolhido que não ousava, sequer, a contar a sua melhor amiga, que era a mamãe. Ela sabia, porque era assim que a sociedade afirmava desde que o mundo é mundo, que as pessoas de níveis diferentes não podem se misturar, nem sequer para conversar sobre o tempo ou comentar o acontecimento do dia.

Ana era uma moça que tinha toda riqueza do mundo, menos a riqueza que o mundo valoriza, portanto, ela mantinha um sentimento tão bonito bem escondido, pois preferia sentir a dor de jamais torná-lo concreto, do que viver a amargura da decepção e da rejeição que tinha a certeza que sofreria se ousasse aproximar do rapaz escritor.

E quando ela chegava a essa conclusão, dos mesmos devaneios que sempre eram concluídos da mesma forma sábado a sábado nos últimos meses, há quase um ano, ela já não conseguia mais prestar atenção à leitura e sequer conseguia enxergar as palavras, pois seus olhos tornavam-se rasos d’água pela autopiedade, lamentando a sua sorte e a tolice de seu coração por criar tais ilusões só para feri-la.

Então Ana engolia as lágrimas, marcava a página em que havia parado, fechava o livro, recolhia a manta e se retirava, evitando a custos espiar pela última vez o belo rapaz escritor. E, como todos os sábados, ia embora resoluta de que não retornaria mais tão cedo, até que seu coração bobo tomasse vergonha e parasse de inventar ideias que só davam certo nas histórias dos livros e não na vida real.

Com pesar, Gabriel parava os seus escritos e observava a linda cabocla ir embora, com seus cabelos e vestidos longos se esvoaçando às costas. Era mais um sábado e ele ganhara mais algumas páginas de texto escrito, mais perdia mais uma vez a chance de fazer com que alguns daqueles escritos saíssem do papel e ganhassem o mundo material. Mas preferia assim a perder sua musa. Porém, ainda não passou por sua cabeça que poderia perdê-la de qualquer forma. E pela cabeça de Ana, que apenas pensava nas perdas, também não passava de que ela poderia ganhar romances e poesias reais.

E dois corações apaixonados platonicamente, mantinham-se na ilusão da perda e das burras convenções sociais. Cada um elevando o outro à níveis inalcançáveis que não se permitia sequer tentar, pois, derrotados desde antes de começar, arriscar-se nem tinha vez.
FIM
Este texto foi escrito em 2010 para um concurso literário de Vitória de Santo Antão. Para caber na proposta, este, que é o texto integral, perdeu até 2 páginas de textos. O texto não foi classificado e foi parar na coletânia Contos Sem Classe, criada para albergar exatamente esses meus pobres filhos rejeitados.
Em meio as minhas muitas tralhas escritas, contos e romances iniciados e postos seguidamente em hiatus, está uma continuação para Amores Platônicos. Nada posso prometer, mas assim que eu tomar tendência na vida, este é mais um conto que pode tornar-se um romance. Quem sabe um dia?

Crédito das imagens:
1ª - Moça lendo no jardim, 2009. Barbara Jaskiewicz 
2ª - Mikhail Vasilyevich Nesterov

25 de jan. de 2012

Made in China II - O Escritor

Voltando à série de postagens sobre os meus bonequinhos de cerâmica chinesa, que se tornaram companheiros de leituras e guardiões de alguns livros lá em casa.

Esse aí é O Escritor (e quero que esse carinha me inspire muito, rs). Feito em cerâmica esmaltada, o rosto, mãos e pés dele estão ao natural, isto é, a "pele morena" não é uma pintura, mas a própria cor da cerâmica. Ele segura um pincel (que veio quebrado e só reparei em casa :/) e o pergaminho (que está mesmo escrito!) em que ele conta alguma história ou lenda local. O "colar" não pertence originalmente à estatueta, mas achei que combinaria ^_^ É um pulseira também chinesa, com um leãozinho e esferas esculpidas em pedra (não sei exatamente qual pedra é essa, acredito que seja as que são facilmente encontrada nas rochas das praias. Em Rio das Ostras, por exemplo, se encontra muitas dessas).

Daodejing cap.1

道可道也,非恒道也。
名可名也,非恒名也。
无名,万物之始也。
有名,万物之母也。
故恒无欲也,以观其妙。
恒有欲也,以观其所徼。
两者同出,异名同谓。
玄之又玄,众妙之门。

dào kě dào yě, fēi héng dào yě。
míng kě míng yě, fēi héng míng yě。
wú míng, wàn wù zhī shǐ yě。
yǒu míng, wàn wù zhī mǔ yě。
gù héng wú yù yě, yǐ guān qí miào。
héng yǒu yù yě, yǐ guān qí suǒ jiào。
liǎng zhě tóng chū, yì míng tóng wèi。
xuán zhī yòu xuán, zhòng miào zhī mén。

A Verdade que pode ser descrito em palavras não é a Verdade permanente.
O Nome que pode ser nomeado não é o Nome permanente.
Não tendo nome é o princípio de todas as coisas.
Tendo nome é a mãe de todas as coisas.
Assim, quem permanece sem desejo, vê a essência.
Quem permanece com desejo, vê a expressão.
Os dois têm a mesma origem, diferenciando-se nos nomes com que são chamados.
Profundamente oculta é a porta para se conhecer a essência dos seres.

(Leia o cap. 2 aqui)
Crédito ao conto Daodejing - Blog Poemas Chineses. Tradução de 混血子

22 de jan. de 2012

Livro Tempo Paralelo

Tempo Paralelo é o meu primeiro romance de estreia como Pat Kovacs e é um remake de um antigo texto datado de 2004.

Sob a enorme influência do Universo de Harry Potter, o livro trás um mundo paralelo ao nosso mundinho normal, com uma enorme população de bruxos co-existindo entre nós, simples mortais, apelidados por eles de "Inconscientes" (e aí entra uma pequena alusão à magnânima obra do RPG, "Mago, A Ascenção").

A história trás viagem no tempo, magia, guerra e um amor tão forte que sobreviveu às décadas e às dificuldades.

A ótima notícia é que o livro, publicado pelo Clube de Autores, está com quase 40% de desconto. Seu preço normal é de R$ 43 e com o desconto dado pelo CA e por mim também (que estou abdicando dos meus direitos autorais para baratear ainda mais), o livro está saindo por apenas R$ 25 + a postagem (infelizmente os Correios não fazem promoção, rs).

A promo é por tempo limitadíssimo, vai até o dia 22, domingo próximo. Não perca essa ótima oportunidade de adquirir uma obra nacional e independente.

21 de jan. de 2012

Faltam 2 dias

Faltam apenas 2 dias para encerrar a promoção do Clube de Autores que está dando até 25% de desconto em todo seu catálogo.

Tempo Paralelo, cujo preço normal é de R$ 43,00, está saindo apenas por R$ 25,00. É um romance de Literatura Fantástica com 220 páginas e um ótimo acabamento gráfico. Vc pode ler os primeiros 4 capítulos de degustação aqui neste link.

Também com desconto está meu livro de contos, Contos Sem Classe, que está saindo por apenas R$ 19,00.

Vai mesmo perder essa oportunidade? Não sabemos quando o Clube nos fará nova promoção, heim!

E há ainda uma grata surpresa: o Clube abriu opções de envio pelos correios. Antes contávamos apenas com o e-sedex, que encarecia muito o livro. Agora há as opções de Registro Módico e PAC. Para quem vai comprar apenas 1 ou 2 livros, a melhor opção é o Registro Módico, que custa cerca de 3 vezes menos que o PAC e e-sedex.

Então, por menos de R$ 50,00, vc terá dois livrinhos legais ;)

Veja:

19 de jan. de 2012

Lugares - Barra de Guaratiba, RJ.

Praias selvagens - ao longe, Grumari

Barra de Guaratiba é um dos últimos redutos da cidade do Rio de Janeiro. Compreende ali a Baía de Sepetiba e a Restinga de Marambaia que é uma área imensa ainda intocada e preservada, com acesso proíbido, pertencente ao Exército... graças a Deus! Não fosse por isso, as pequenas ilhotas de vegetação, a vegetação de beira-mar, as areias brancas, a água cristalina e os costões rochosos já não mais existiriam.

Barra de Guaratiba tem ares de cidade pequena, com praias de curta extensão. As casas ali crescem empoleiradas umas sobre as outras, por faltar áreas planas, e da pouca área plana que há, pertence à estrada.

Ilha da Tartaruga - Não parece mesmo uma enorme tartaruga??
O bairro - apesar de ser bastante longe, é um bairro - é também um point noturno bem servido de pequenos bares e restaurantes de beira de estrada. Fica na Zona Oeste do Rio e é dono das poucas praias limpas e belas da Cidade. O acesso difícil, com caminhadas de no mínimo trinta minutos de subidas e descidas de morro, através de resquícios da Mata Atlântica, afasta farofeiros & cias. É um programa de índio ir até às pequenas praias do Perigoso e do Meio, o que salvaguarda a sua proteção e limpeza. Ao ver o mar relativamente calmo, com ondas de meio a um metro, sem violência de quebra, de águas azuis e quase cristalinas, é de se pensar que se está bem longe de Rio de Janeiro, cujas praias já estão muito mal-tratadas por esgoto, lixo, poluição.

Onde fica? Como chegar?


Exibir mapa ampliado

Quando Mayumi ligou às 7:30 da manhã chamando pra ir à praia, dei uma vacilada... tava mó frio, tinha chovido boa parte da noite e continuava ameaça de mais chuva, mas daí ela me intimou e tive que ir... somente chegando em Barra de Guaratiba que entendi que não era bem pra ficar na praia, mas sim pra fazer trilhas de encontro às outras praias do bairro, nas áreas de preservação ambiental da Prefeitura. Por intuição, talvez, não fui muito preparado para encarar uma praia, mas estava preparada para uma boa andada por mato e terra.


O início da trilha começa pela ruela de acesso aos moradores de uma parte do bairro. Subida, subida, subida e uma bela vista panorâmica de toda extensão de praias e mar. Lindo mesmo! Igualmente lindo é a Restinga de Marambaia, pertencente ao Exército, e área de proteção permanente e entrada proibida, até mesmo por barco, pelo mar. Tal medida, que pode parecer coisa de ditadura, faz com que uma belíssima área seja uma raridade na nossa cidade, uma área de matas e praias quase selvagens. Não é probido olhar e tirar fotos XD então podemos nos deleitar e apenas sonhar andar por aquelas praias lindas repletas de coníferas e gaivotas que descansam na bela ponte de acesso à área da Marambaia.

Panorâmica da ponte de acesso à restinga, depois da chuva. Esta foto foi tirada dos fundos de um boteco bem tradicional, daqueles com garrafas de cachaça enfeitando prateleiras e mesa de sinuca. Mas me diga quantos restaurantes chics por aí têm uma vista dessas?!

Já no iniciozinho da nossa trilha, encontramos um simpático guia que nos acompanhou muito alegremente até à Praia do Perigoso: um jovem vira-latas que se mostrou conhecedor do lugar de cabo a rabo, mesmo! Foi a maior festa quando chegamos à praia, mas uma onda forte no rochedo fez ele desaparecer de nossas vistas, encontrando-o um tempo depois num acampamento de bicho-grilo na Praia do Meio - numa bifurcação na trilha, o cãozinho queria nos levar para a trilha dessa Praia, mas acabamos seguindo a outra. Passado alguns minutos na praia deserta - exceto por um morador acampado por lá - voltamos pela trilha até a bifurcação, indo para a Praia do Meio, de acesso ainda mais dificil (mas nada comparado com a Pedra Branca, trilha que fiz também com a Mayumi).

Eis o nosso simático guia. Mó safo! Conhece toda a área!

Da Praia do Meio, também de pequena extensão e belos costões rochosos, é possível ter uma visão de Grumari e Barra da Tijuca. Mas vendo as águas cristalinas e areia branca, sem qualquer "rastro" de civilização, é de duvidar que este lugar esteja tão próximo de Barra da Tijuca e, menos ainda, de Sepetiba, este último completamente degradado, transformado pelos sucessivos governos do RJ em verdadeiro lixão industrial, destruindo completamente a vida marinha e terrestre da Baia de Sepetida.

Costões rochosos. Intocados. Ao fundo, Grumari.
Mas o tempo estava fechando, literalmente! No céu, primeiramente azul com pequenas pinceladas de nuvens brancas, se tornou rapidamente encoberto por aglomerados fofos de nuvens em diversos tons de cinza. Aí deu um pequeno medo. Subir/descer uma trilha de terra no meio da mata debaixo de chuva não deve ser nada agradável, então fomos nós embora por uma nova trilha, que se mostrou ainda mais bonita e agradável. Fechada por dentro da mata, em pontos que as frágeis árvores cruzavam seus galhos umas às outras, formando um teto, sentiamos num túneo. A estradinha de terra batida e muitas pedras polidas estrategicamente colocadas por desbravadores, nos conduziam a uma caminhada encantadora. O ar úmido e a fraca iluminação deixavam o lugar ainda mais agradável. Havia áreas de bambuzais, árvores muito velhas de troncos muito grossos, um pequeno bosque no topo da trilha e um mirante natural entre as árvores raquíticas que nos concedia uma linda vista de toda a Restinga de Marambaia, ou até onde a vista alcançava através da neblina que anunciava a pesada chuva que se aproximava desmanchando a paisagem em degradês de cinza. Por sorte nossa, a chuva desabou no final da trilha, quando já tínhamos atingido a "parte de civilização" e ficamos por lá esperando amainar debaixo de uma escada de acesso a uma casa, para logo em seguida nos escondermos num estratégico boteco pé-sujo (porém com mesma agradabilidade conferida a esses barzinhos) mas que tinha algo que a maioria dos restaurantes careiros da cidade não tem: uma vista maravilhosa da Restinga e do mar, no sol quase se pondo atrás das grossas gotas de chuva que caiam com vontade!

A trilha de retorno. Pegamos uma outra trilha, ainda mais selvagem, que contornava a ilha. Sentiu a energia só de ver?

Vista panorâmica do pé-sujo. Pena que a minha câmera não era boa suficiente para registrar a beleza real do momento.

Tem um álbum específico para essa ída à Barra de Guaratiba. Infelizmente a minha câmera não foi capaz de registrar todas as formas e cores que meus olhos registraram, mas fica apenas como um exemplo meia-boca. Se você um dia puder ir, vá! Vale muito a pena! Basta ir até o bairro de Campo Grande e da própria rodoviária de lá, pegar o ônibus para Barra de Guaratiba. A viagem dura em torno de 1h. Há outros caminhos para lá, mas por ora só conheço esse.


Restinga sob a chuva

Vista do Mirante natural da Restinga sob a chuva.

17 de jan. de 2012

Wallpaper Tempo Paralelo

Um pequenino mimo para as leitoras de hoje e de amanhã do romance sobrenatural Tempo Paralelo: um wallpaper para usar em sua área de trabalho ou simplesmente uma imagem para guardar. Espero que goste ^^

A imagem do wallpaper é a mesma usada na capa do livro. Foi retirada da internet, de uso livre CC (Creative Commons).

13 de jan. de 2012

Para pegar a estrada!


Sempre que chega sexta-feira, para mim sempre bate a mesma vontade: desviar-me do meu trajeto para o trampo e seguir para a Rodoviária Novo Rio, que fica perto, e embarcar em qualquer ônibus que me leve para as montanhas ou para as praias.

Existem poucos prazeres no mundo que sejam equivalentes a pegar a estrada. Nem escrever ou dormir, coisas que gosto muito de fazer e faço todos os dias, rs, são tão bons quanto!

Você se joga na estrada com o espírito feliz, a liberdade de seguir por caminhos geralmente agradáveis que o levarão ao destino ainda mais agradável e desejado! É impossível sentir-se aborrecido ou deprimido! Uma estrada longa, ladeada de vegetação, com montanhas ou colinas logo ao alcance, bastando esticar a mão, pois sem as horríveis construções de concreto, ferro e vidro, a visão fica lascivamente em seu esplendor aos nossos olhos.

Para os bichos de cidade grande, como eu, é extasiante ver que de um lado a outro da estrada só existem matos, árvores e, às vezes, montanhas. Infinitas e poderosas, essas paisagens estão ali antes de nós e, se Deus as proteger, continuarão ali muito depois de nós, mostrando-nos a nossa finitude e pequenez, e nos dizendo o quanto somos tolos por desperdiçarmos tão curto tempo em escravidões, como a nossa submissão ao trabalho capitalista, ao dinheiro mal empregado ao se adquirir as coisas inúteis da modernidade, e ao relógio, em que as horas nunca são suficientes e, para fazê-las renderem mais, sacrificamos o nosso descanso, a nossa saúde mental, espiritual e física!

Mas vamos voltar para a estrada, que é onde estamos agora. É sexta-feira, é véspera do dia mais bacana da semana, o sábado, que é o dia do descanso, em que tudo é permitido menos o trabalho desgastante. E devemos honrar esses dias, abandonando as obrigações da nossa vida moderna e caindo nos braços daquilo que deveria importar de verdade: o VIVER O PRESENTE.

Dê uma pausa ao que está lendo aqui e aprecie aquele que é quase um hino dos pé-na-estrada. A letra da música não fala sobre esse tipo de viagem, mas o seu ritmo no leva a ele. É Out That Door, de uma das melhores bandas australianas, Hoodoo Gurus


E nem consegui dizer tudo que queria, como imaginava que faria logo no início da postagem. O bom é que fica para a próxima, pois o mundo tá cheio de coisas boas que devemos exaltar.

Infelizmente, me coloquei na escravidão moderna e ainda não adquiri a coragem necessária para me libertar. Quanto a você, espero que evite cair nessa armadilha, mas, se já caiu, que consiga se libertar algum dia.

Vamos sair por aquela porta e viver o agora. Porque o futuro é a morte e dessa ninguém escapa.

Bom final de semana!

12 de jan. de 2012

Parceria - Irmandade Literária

Após o contato inicial da flor Ana Priscila e de algumas trocas de figurinhas, agora a Pat aqui figura no Blog Irmandade Literária como 'Autora Parceira'. Que chic, não é? Até parece coisa de gente grande *-*

O Irmandade Literária é um blog voltado para a Literatura, encontrando-se desde a Literatura Independente, isto é, aquela que é feita e publicada por própria conta e risco do autor, até trechos de livros consagrados, lançamentos de editoras, textos das próprias autoras do blog e a participação em vários book tours.

A nossa parceria apenas está no início, mas traremos algumas coisinhas interessantes mais pra frente, que divulgarei aqui no momento oportuno.

Acesse o IL e siga-o. Você, com certeza, sempre terá algo muito interessante para ler e conhecer.

10 de jan. de 2012

Made in China - O Poeta

Hoje em dia, quando o assunto é sobre a China, o que logo vem a nossa mente?
Bilhares de quinquilharia, muitas vezes inúteis, vendidas em todas as lojas de 1,99 do mundo;
O bizarro paladar chinês, em que comida fresca é comida viva (mesmo!);
O tratamento cruel dispensado a animais, mulheres e crianças (especialmente se estas forem meninas);
Trabalho (quase) escravo, em condições sub-sub-humanas;
Superpopulação, contendo 1/3 de toda população mundial somente lá;
Etc etc etc...
Só coisa ruim, né?
É, mas nem tudo é só inferno. Lá também há o paraíso e certamente em maior escala do que temos por aqui, mas não é isso que vende jornal e instiga aos carrascos de plantão fazer compartilhamentos pelas redes sociais (bem, faço parte do time de carrascos, admito :P).
A China é dona de uma cultura fabulosa, riquíssima e muito muito antiga, com um povo heróico e resistente que faz dele uma das mais antigas civilizações de existência contínua. Sua pré-História data de mais de 1 milhão de anos e sua História de 4 mil a 1,6 mil anos a.C.
Invadiram, foram invadidos. Conquistaram, foram conquistados. Deixaram a sua medicina natural e Confúcio como legados para o mundo e entendem como ninguém o Homem Espiritual, sabendo que a vida não começa e nem termina aqui.
Mas, a respeito de sua História, pode-se ler mais aqui e aqui. AQUI é apenas uma introdução (um tanto metida a besta XD) para os meus "companheiros de literatura", feitos em cerâmica com esmero e vindos de lá... da China! E, não: não quinquilharias que se encontra em lojas de 1,99.

O primeiro que lhe apresento é este: O Poeta. Presente de Natal da Mirian Lucena, ela acabou despertando em mim essa quase doença chamada colecionismo. Apesar de não ser fã de criar coleções, por ser algo honeroso tanto em questão de dinheiro quanto de espaço para se expor e/ou guardar os objetos, sou uma adoradora de imagens (e que Jeová não me incinere por isso, rs!). Imagens/estátuas de santos, animais, pessoas sempre me chamaram a atenção e despertaram a admiração. Felizmente não sou compulsiva e tenho apenas algumas... dezenas delas em casa: gatos, santos, anjos, a maioria está guardada por falta de lugar decente a serem expostas.
A bola da vez vai para os chineses, e O Poeta é o primeiro que lhes apresento, por ter sido ele o primeiro a entrar em minha vida, juntamente com a maravilhosa Gueixa, toda em porcelana branca com delicadas lilazes ornando seus cabelos e sedas.

Num total de  quatro (até o momento ¬ ¬'), virei apresentar cada um deles, para saber quem guarda meus livros tão preciosos quanto eles.

O Poeta
O Escritor
O Filósofo
O Sábio

曰喜怒
曰哀懼
愛恶欲
七情具
匏土革
木石金
絲與竹
乃八音


Tradução:

Sobre a Alegria e a Raiva,
Sobre a Preocupação, o Medo,
O Amor, a Repulsa e o Desejo;
São sete emoções que podemos expressar.
Feitos de cabaça, cerâmica, couro,
Madeira, pedra, metal, corda e bambu;
São esses os oito tipos de instrumentos musicais.

(Crédito ao poema: Blog Poemas Chineses)



6 de jan. de 2012

Dia de Reis

Tendo, pois, Jesus nascido em Belém de Judá, no tempo do rei Herodes, eis que magos vieram do Oriente a Jerusalém.
Perguntaram eles: Onde está o Rei dos Judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo...
E eis que, a estrela que tinham visto no Oriente, os foi precedendo até chegar sobre o lugar onde estava o menino e ali parou.
A aparição daquela estrela os encheu de profunda alegria. Entrando na casa encontraram o menino com Maria, sua mãe.
Prostrando-se diante dele o adoraram. Depois abrindo seus tesouros, ofereceram-lhe como presentes:
Ouro, Incenso e Mirra.
(Evangelho Segundo São Mateus 2:1-11)
No dia 6 de janeiro comemora-se o Dia dos Reis Magos. A noite do dia 5 de janeiro e madrugada do dia 6 é conhecida como "Noite de Reis". Na tradição cristã, o dia 06 de janeiro representa o dia da visitação dos três Reis Magos do Oriente ao Menino Jesus, representando que o Cristo não vinha ao mundo apenas para o povo judeu, mas para todos os povos habitantes da Terra. A data também é chamada de Epifania (do grego: Ἐπιφάνεια: "a aparição; um fenômeno miraculoso"), pois marca a primeira manifestação de Jesus aos povos.
 
De acordo com a Bíblia, Jesus deu-se a conhecer a diferentes pessoas em diferentes momentos, mas a primeira Epifania propriamente dita é justamente a aparição aos magos do Oriente (como está relatado em Mateus 2, 1-12) e que é celebrada dia 6 de janeiro.

A chegada dos reis magos corroboraria a profecia contida no Salmo 72: "Todos os reis cairão diante dele". A comemoração do Dia de Reis surgiu no século VIII. 


Na época do nascimento de Jesus, mesmo os povos pagãos já tinham noticias de sua chegada e esperavam pelo Salvador. Deus os recompensou pela retidão com a maravilhosa Estrela, reconhecida pela sabedoria de suas mentes como o sinal a ser seguido, para orientação dos seus passos até onde se achava o Menino recém-nascido. 


Foram eles que mostraram ao mundo o cumprimento da profecia de séculos, chegando ao palácio do rei Herodes, de surpresa e perguntando “pelo Messias, o recém-nascido rei dos judeus”. "Sendo por divina advertência prevenidos em sonho a não voltarem à presença de Herodes, regressaram por outro caminho a sua terra" (Mt 2, 12). Nada mais as Escrituras dizem sobre essa história cheia de poesia, não havendo também quaisquer outros documentos históricos sobre eles. Mas, os magos não o temeram, prosseguiram sua busca e O encontraram. 


Como se pretendia dizer que representavam os reis de todo o mundo, representando as três raças humanas existentes, em idades diferentes, Melquior entregou-Lhe ouro em reconhecimento da realeza; Gaspar, incenso em reconhecimento da divindade; e Baltasar, mirra em reconhecimento da humanidade. 


Melchior ou Belchior partiu da região que hoje é a Europa (terra dos caldeus), levando ouro ao Messias, rei dos reis. O ouro simbolizava a nobreza e representava a realeza do menino Jesus.


O presente do rei Gaspar, que partiu da Índia, foi o incenso, como alusão ao caráter divino do menino Jesus. Ainda segundo a tradição cristã, o incenso simboliza a fé e a fumaça do incenso queimando nos templos representava as orações subindo a Deus.


O Rei Mago Baltazar saiu da África possivelmente do Reino de Sabá (terra misteriosa que seria o sul da Península Arábica, terra também conhecida pelos etíopes como Abissínia),  levando para o menino mirra, um presente comumente ofertado a profetas. A mirra é um arbusto do continente africano, onde é extraída uma resina para preparação de medicamentos. A palavra mirra significa "amargo" em hebraico, e para muitos remete ao sofrimento e morte que esperavam por Jesus. Para outros, representa a imortalidade de Cristo.


Quanto a seus nomes, Gaspar significa “Aquele que vai inspecionar”, Melquior quer dizer: “Meu Rei é Luz”, e Baltasar se traduz por “Deus manifesta o Rei”.


Estes presentes confirmam o caráter de Jesus - REI, SACERDOTE E PROFETA - como símbolo do reconhecimento que aquela criança pobre que acabara de nascer haveria de se tornar um grande líder mundial e o salvador do mundo. No ritual da Antigüidade, o OURO era o presente para um rei, o OLÍBANO (incenso) para um religioso representando a espiritualidade e a MIRRA para um profeta (a mirra era usada para embalsamar corpos e, simbolicamente, representava a imortalidade).


Santo Agostinho comentou a adoração dos reis Magos que vieram do Oriente: “Ó menino, a quem os astros se submetem! De quem é tamanha grandeza e glória de ter, perante seus próprios panos, Anjos que velam, reis que tremem e sábios que se ajoelham? Quem é este, que é tal e tanto? Admiro de olhar para panos e contemplar o céu; ardo de amor ao ver no presépio um mendigo que reina sobre os astros. Que a fé venha em nosso socorro, pois falha a razão natural”.


Desde 1164, os restos mortais dos três reis estão numa urna de ouro na catedral de Colônia, em Köln.


Os europeus são mais ligados a esta data do que os brasileiros, mas no interior do Brasil, principalmente no Norte e Nordeste, ainda encontramos comunidades que promovem o Reisado ou Festa da Folia de Reis. A festa envolve música, dança, celebração religiosa e orações. Aqueles que recebem a visita do Reisado (simbolismo que corresponde aos 3 reis magos em visita a Jesus) em suas casas devem oferecer graciosamente comida a seus integrantes, que realizam toda sua performance de tradição folclórica-religiosa local, enaltecem o hospitaleiro, agradecem pela comida e seguem para o próximo destino.


No dia de Reis os devotos fazem simpatias com a finalidade de atrair prosperidade. A romã é símbolo de abundância, de acordo tradição judaica, também representando a fertilidade, pois a fruta lembra um ovário e suas sementes, os óvulos.


Nos cultos de origem africana é dia de agradar o ODU OBARÁ MEJI (6), o odu da riqueza, regido por Xangô, Oxóssi, Ossanhe, Logun-Edé. Em alguns axés, louva-se o Orixá Ossanhe (em Angola, corresponde ao Inkise Catende; no Jeje, ao Vodun Agué).


Assim como a Estrela guiou os Reis Magos até Jesus, a fé deve nos levar até Ele todos os momentos da vida, para que esta tenha sentido. Que a Estrela da fé – assim como a Estrela de Belém guiou os 3 Reis Magos -  nos guie, a cada um de nós até nosso Amado Mestre Jesus, a Luz do Mundo, o Caminho, a Verdade e a Vida.

 
Autor: Lara Lannes - Equipe Genuína Umbanda

5 de jan. de 2012

Canto da Cigarra

Como seria um Verão sem o canto da Cigarra?

Assim como o cheirinho de café sendo preparado, acredito que a cantoria estridente da cigarra sempre nos remete a alguma lembrança feliz, por mais vaga que seja que nem sequer aflore à memória, mas que trás algo como uma pequena alegria recolhida em algum canto da mente ou coração.

Alguns mais ranzinzas reclamam do chamado dessa criaturinha, pois é o anúncio de dias muito quentes por vir, mas somente isso. Não trás mau augúrio, como o canto de algumas aves, por exemplo; nem remete à más lembranças, à ocasiões ruins.

O canto da cigarra é a canção típica do Verão. A mim lembra os verões da minha infância, quando minha mãe me acordava ainda de madrugada para irmos à praia e lá passávamos o dia todo, só retornando à noite para casa. E sempre que ouço uma cigarra, logo me lembro das enormes amendoeiras da praia que nós íamos, do céu muito azul, do vento forte e muito fresco, do cheiro de marisia, do dia que amanhecia já com esse clima festivo. E é para essas lembranças que me refugio, quando as coisas aqui no presente ficam insustentáveis.

O tempo passou. Muita coisa mudou, se acabou, morreu. Mas ainda permanecem as cigarras e suas canções de Verão, mostrando que, às vezes, as boas coisas permanecem por muito mais tempo. E espero que elas ainda cantem muito mais, por infinitos verões.

4 de jan. de 2012

Odociaba, Mãe Yemanja!

Ilustração de Seaspell.

"Poderosa força das águas. Inaê, Janaína, Sereia do Mar. Saravá minha Mãe Iemanjá! Leva para as profundezas do teu mar sagrado. Odoiá... Todas as minhas desventuras e infortúnios. Traz do teu mar todas as forças espirituais para alento de nossas necessidades. Paz, esperança, Odociabá... Saravá, minha Mãe Iemanjá! Odociabá..."

Yemanja, Yabá sincretizada com Nossa Senhora dos Navegantes, Nossa Senhora da Glória e Nossa Senhora da Conceição (comemorada em 2 de fevereiro, 15 de agosto de 8 de dezembro, respectivamente), de acordo com cada região de culto, é a Mãe das Águas, a Mãe Rainha de todas as cabeças, pois acredita-se que ela é a Mãe que rege nossas vidas assim como Oxalá é o Pai - e "todas as cabeças pertencem a Oxalá."

As lendas são muitas, mas em todas Yemanja é a mãe amorosa que cuida e luta por seus filhos, mesmo que por eles maltratada. Na Umbanda ela rege a Linha das Águas, o Segundo Raio ou Vibração e não há um Orixá contraposto. Sereias, Marujos ou Marinheiros, Pescadores são alguns falangeiros que trabalham na Linha das Águas e chamados de Povo D'Água, atuando na Legião de Caboclos, em suas diversas falanges.

"Essa linha é também conhecida como Povo d’Água. Iemanjá significa a energia geradora, a divina mãe do universo, o eterno feminino, a divina mãe na Umbanda. As entidades dessa linha gostam de trabalhar com água salgada ou do mar, fixando vibrações, de maneira serena. Seus pontos cantados têm um ritmo muito bonito, falando sempre no mar e em Orixás da dita linha." Fonte: http://povodearuanda.wordpress.com/2007/01/31/as-sete-linhas
Entre nós brasileiros, há a tradição de se cultuar Yemanjá no último dia do ano, oferencendo presentes ao mar, agradecendo pelo ano que se vai e pedindo bençãos ao que chega.

Kalunga Grande é o Mar, nome dado ao campo de atuação desta Grande Mãe, mãe dos peixes e águas salgadas, pois que também somos peixes gerados na água salgada do ventre, que também pode ser comparado ao Manguezal, berço da vida marinha, campo de atuação de Mãe Nanã Burukê.


Yemanjá é meu Olori, dona da minha cabeça, responsável por minha reencarnação atual. Assim como com muitos de seus filhos e filhas, nos governa ora com a força das ondas, ora com a tranquilidade do mar profundo. Assim como essa poderosa força da natureza, também podem ser instáveis como o mar, em ondas destruidoras ou com a placidez sonolenta da calmaria.

Odoiabá, Mãe Yemanjá! Salve Rainha do Mar!

Canto de Areia
(Clara Nunes)

É água no mar é maré cheia, oi…
Na areia, oi… na areia.
É água no mar!
É água no mar é maré cheia, oi…
Na areia, oi… na areia.
Contam que toda tristeza que tem na Bahia,
Nasceu de uns olhos morenos molhados de mar.
Não sei se é conto de areia ou se é fantasia,
Que a luz da candeia alumia p’ra gente contar.
Um dia morena enfeitada de rosas e rendas,
Abriu seu sorriso de moça e pediu p’ra dançar.
A noite emprestou as estrelas bordadas de prata,
E as águas de Amaralina eram gotas de luar.
Era um peito só,
Cheio de promessa era só.
Era um peito só,
Cheio de promessa era só.
Era um peito só,
Cheio de promessa era só.
Era um peito só,
Cheio de promessa era só.
Quem foi que mandou o seu amor se fazer de canoeiro.
O vento que rola nas palmas arrasta o veleiro,
E leva p’ro meio das águas de Yemanjá,
E o mestre valente vagueia,
Olhando p’ra areia sem poder chegar.
Adeus amor!
Adeus meu amor não me espera
Porque eu já vou me embora,
P’ro reino que esconde os tesouros de minha Senhora,
Desfia colares e conchas p’ra vida passar,
E deixa de olhar p’ros veleiros,
Adeus meu amor eu não vou mais voltar!
Foi Beira Mar!
Foi Beira Mar quem chamou,
Foi Beira Mar, ê…
Foi Beira Mar. (bis)
É água no mar!
É água no mar é maré cheia, oi…
Na areia, oi… na areia. (bis)


3 de jan. de 2012

Start!

Retomando este blog, que foi abandonado há anos!

Confesso que sou uma compulsiva na criação de blogs, brinquedinhos que me entretenho por um tempo e depois abandono cruelmente, sem remorsos.

Este aqui, que renomeei, foi o meu primeiro Blogspot, criado em 2006, se bem me lembro. Abandonei para criar outros para o Snake e fui me entreter com eles. Hoje retorno por questões estratégicas que não contarei quais são, mas cujo objetivo é reunir aqui o que deveria ser o conteúdo de outros dois blogs que tirei do ar: o Aspirações & Inspirações e o Mistureba. O primeiro foi criado apenas para comportar meus contos. O segundo para comportar o que viesse à cabeça. Esse aqui comportará ambos e mais alguns.

Mas para um blog sobreviver é necessário que seja alimentado com a sua participação, seu interesse, sua leitura. Você é a Energia Vital que nos sustenta! Esteja aqui sempre que puder. E nós sempre tentaremos fazer o melhor, trazer o melhor que nos for possível.

Obrigada ^^
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