Na última quinta-feira, dia 10, teve início a celebração de Nosso Senhor do Bonfim, começando com a procissão que levou mais de 200 devotas até a Igreja, para lavar a escadaria com água de cheiro e muitas flores. A essa celebração dão o nome de Lavagem do Bonfim.
Porém, hoje é o dia que se comemora o Nosso Senhor do Bonfim, sempre no segundo domingo após o Dia de Reis ou, dentro da liturgia, a Epifania do Senhor. A diferença entre a primeira celebração e esta segunda, é que a Lavagem é um ritual afro-religioso, do Candomblé. Já a Festa de Bonfim é uma celebração católica, porém uma está atrelada à outra, por mais que alguns devotos de ambas religiões queiram negar tal simbiose. A mistura está feita e finish. É isso que torna tudo mais belo.
Há mais de 250 anos, em 1754, o Capitão Theodózio Rodrigues de Faria construiu a Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, em Salvador, na Bahia, para entronizar a imagem que viera de Portugal muitos anos antes, em 1745. A Igreja, construída num ponto estratégico chamado Colina Sagrada, tornou-se o centro das peregrinações pela devoção ao Cristo, que nas religiões de matriz africana é sincretizado com Orixalá ou Oxalá (em sua qualidade de "Mais Velho", Oxalufan).
Theodózio Rodrigues de Faria era o Capitão-de-mar-e-guerra da Marinha portuguesa. Durante uma violenta tempestade, ele fez uma promessa de levar uma imagem de seus santos de devoção para o Brasil, se sobrevivesse. O Capitão português sobreviveu e, em 18 de abril de 1745, trouxe para o Brasil, especificamente para Salvador, na Bahia, as imagens de Nosso Senhor do Bonfim e Nossa Senhora da Guia, que permaneceram por quase 10 anos na Igreja da Penha, na Península de Itapagipe, até que o templo definitivo para abrigar as imagens fosse concluída, o que ocorreu somente em 1754. Essa imagem de Bonfim é uma réplica perfeita em madeira da imagem da igreja de Setúbal, em Portugal, cidade natal do Capitão.
Desde a transferência das imagens de Igreja da Penha para a Igreja de Bonfim, em que ocorreu com grande celebração através de uma procissão e missa solene, que a Festa religiosa se tornou uma tradição, jamais perdendo a sua força e grandeza.
A Lavagem do Bonfim se iniciou em 1773, quando os escravos eram obrigados a lavar o interior da igreja para prepará-la para a Festa de Bonfim, sempre no segundo domingo após o encerramento das celebrações natalinas. Porém, os escravos acabaram incorporando ao trabalho obrigatório um halo de sua própria religiosidade, ao identificarem o Senhor do Bonfim com Oxalá. Então, de trabalho obrigatório, passou a ser um ritual de purificação. Mas a Igreja Católica interveio, por crer que aquilo era uma profanação. A Arquidiocese da Bahia proibiu a lavagem do templo, e até hoje as portas permanecem fechadas durante o ritual, que ficou restrito ao átrio e às escadarias.
Portanto, a Lavagem é um ritual afro-religioso, enquanto a Festa é uma celebração católica, mas ambas estão tão atreladas uma a outro que é impossível separá-las e, certamente, se for feito, uma ou outra desaparecerá.
As tradicionais e místicas Fitas do Bonfim:
A fitinha do Bonfim é um amuleto típico da Igreja de Nº Sr do Bonfim, que virou quase um símbolo de Salvador, sendo o souvenir mais procurado de todos, quase que uma obrigação de quem visita essa bela cidade.
A primeira fita do Bonfim data de 1809, chamada de "medida do Bonfim", já que ela tinha o comprimento do braço direito da imagem entalhada de Cristo, que fica no altar-mor da Igreja. Essa fita se perdeu na metade do século passado, mas se tornou popular através dos hippies baianos, que a aderiram como enfeite, enrolando-as nos pulsos.
As primeiras Fitas eram confeccionadas em seda, com a imagem de Cristo e os dizeres bordados a mão. Certamente, verdadeiras relíquias! E eram usadas no pescoço, como um cordão para prender as medalinhas.
Na tradição popular, ao amarrar uma fitinha no pulso, o devoto deve fazer três pedidos para os três nós que dará, e manter essa fita até que ela se rompa naturalmente. Os pedidos devem ser feitos mentalmente e guardados em segredo.
Pelo lado do sincretismo religioso, cada cor da Fita do Bonfim a remete a um Orixá específico:
A primeira fita do Bonfim data de 1809, chamada de "medida do Bonfim", já que ela tinha o comprimento do braço direito da imagem entalhada de Cristo, que fica no altar-mor da Igreja. Essa fita se perdeu na metade do século passado, mas se tornou popular através dos hippies baianos, que a aderiram como enfeite, enrolando-as nos pulsos.
As primeiras Fitas eram confeccionadas em seda, com a imagem de Cristo e os dizeres bordados a mão. Certamente, verdadeiras relíquias! E eram usadas no pescoço, como um cordão para prender as medalinhas.
Na tradição popular, ao amarrar uma fitinha no pulso, o devoto deve fazer três pedidos para os três nós que dará, e manter essa fita até que ela se rompa naturalmente. Os pedidos devem ser feitos mentalmente e guardados em segredo.
Pelo lado do sincretismo religioso, cada cor da Fita do Bonfim a remete a um Orixá específico:
Verde(escuro ou claro): Oxossi
Azul claro: Iemanjá
Amarelo: Oxum
Azul escuro: Ogum
Colorido ou rosa: Ibeji(erê) e Oxumaré
Branco: Oxalá
Roxo: Nanã
Preta com letras vermelhas: Exu e Pomba gira
Preta com letras brancas: Omulu e Obaluaê
Vermelha: Iansã
Vermelha com letras brancas: Xangô
Verde com letras brancas: Ossain
Amuleto, souvenir, religiosa, milagrosa, representação da fé ou simplesmente muito fashion... o fato é que não se pode ir à Bahia e voltar sem uma fitinha!
NOSSA SENHORA DA GUIA:
Nossa Senhora da Guia é a Padroeira dos Navegantes, daí entende-se a enorme devoção do Capitão Theodózio Rodrigues de Faria, que trouxe de Setúbal, Portugal, uma réplica entalhada da imagem. A Igreja de Nosso Senhor do Bonfim foi construida para abrigar a imagem de Bonfim e de Nossa Senhora da Guia, em 1754.
A devoção em Portugal é grande, mas essa qualidade de Nossa Senhora se originou na Igreja Cristã Ortodoxa Grega, como a Condutora, a Guia de Jesus desde o nascimento (óbvio, era a mãe dele!).
Posteriormente foi aderida ao panteão da Igreja Católica Romana e seu culto foi espalhado pelo mundo, sendo considerada a Guia e Protetora do Povo de Deus (nós).
A celebração litúrgica de Nº Srª da Guia se dá em 15 de agosto, porém essa data muda conforme o local de culto. No Brasil é considerado uma celebração móvel, sendo hoje dia 13 de janeiro, o segundo domingo após a Epifania do Senhor. Comemora-se juntamente com Nº Sr do Bonfim porque seu culto foi trazido junto com o dele.
Oração de Nº Srª da Guia:
Oração de Nº Sr do Bonfim:
Ó Virgem Senhora da Guia, a Vós recorro pedindo vosso amparo e proteção. Sois Mãe de Deus, da Igreja e também minha Mãe. Por isso "todas as gerações vos proclamam Bem Aventurada!" Alcançai-me de Vosso Filho Jesus a graça que humildemente Vos peço. Ajudai-me a "fazer aquilo que Ele me mandar". Que o mundo receba o "Reino de Deus" para escutar as palavras consoladoras: "Feliz, porque acreditaste". Sede Luz e Guia para todos os que Vos invocam. Ajudai-nos a ouvir e a guardar a palavra de Deus. Intercedei pelos doentes, famintos, oprimidos, criancinhas, e por todos os que sofrem, e não Vos esqueçais dos pobres pecadores. Rezar três Ave-Marias, com a invocação: Nossa Senhora da Guia, rogai por nós.
Meu Sr. Do Bonfim, acho-me na Tua presença, humildemente, para receber de Ti, todas as graças que quiseres me dispensar.
Perdoai-me, Senhor, por todas as faltas que porventura eu tenha cometido por obra ou pensamento.
Fazei-me forte para vencer todas as tentações e malfeitos do inimigo. Que o sagrado Orixá Ogum corte com sua espada todos os males que de mim se acercarem.
Que Yemanjá, Raínha do Mar, com a Tua proteção, leve sob grilhões para o fundo do mar toda a inveja que sobre mim, recair;
Que Oxum leve consigo todas as lágrimas que eu tenha a chorar,para nunca o desespero ou a desgraça me alcançar;
Que Ossanha afaste de mim todas as tempestades para os ventos da bonança me trazerem prosperidade;
Que toda a fortuna do mundo possa chegar aos meus pés,com a proteção do grande orixá Oxum-Maré;
Que Xangô do alto da sua Santa Pedreira solidifique todos os bens que eu alcançar.
Salve o Sr. do Bonfim, salve todos os orixás, que me protejam na vida, para nada me faltar.
( essa oração serve como descarrego).
FELIZ DIA!
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