Barra de Guaratiba é um dos últimos redutos da cidade do Rio de Janeiro. Compreende ali a Baía de Sepetiba e a Restinga de Marambaia
que é uma área imensa ainda intocada e preservada, com acesso proíbido,
pertencente ao Exército... graças a Deus! Não fosse por isso, as
pequenas ilhotas de vegetação, a vegetação de beira-mar, as areias
brancas, a água cristalina e os costões rochosos já não mais existiriam.
Barra de Guaratiba tem ares de cidade pequena, com praias de curta extensão. As casas ali crescem empoleiradas umas sobre as outras, por faltar áreas planas, e da pouca área plana que há, pertence à estrada.
Barra de Guaratiba tem ares de cidade pequena, com praias de curta extensão. As casas ali crescem empoleiradas umas sobre as outras, por faltar áreas planas, e da pouca área plana que há, pertence à estrada.
O
bairro - apesar de ser bastante longe, é um bairro - é também um point
noturno bem servido de pequenos bares e restaurantes de beira de
estrada. Fica na Zona Oeste do Rio e é dono das poucas praias limpas e
belas da Cidade. O acesso difícil, com caminhadas de no mínimo trinta
minutos de subidas e descidas de morro, através de resquícios da Mata
Atlântica, afasta farofeiros & cias. É um programa de índio ir até
às pequenas praias do Perigoso e do Meio, o que salvaguarda a sua
proteção e limpeza. Ao ver o mar relativamente calmo, com ondas de meio a
um metro, sem violência de quebra, de águas azuis e quase cristalinas, é
de se pensar que se está bem longe de Rio de Janeiro, cujas praias já
estão muito mal-tratadas por esgoto, lixo, poluição.
Onde fica? Como chegar?
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Quando
Mayumi ligou às 7:30 da manhã chamando pra ir à praia, dei uma
vacilada... tava mó frio, tinha chovido boa parte da noite e continuava
ameaça de mais chuva, mas daí ela me intimou e tive que ir... somente
chegando em Barra de Guaratiba que entendi que não era bem pra ficar na
praia, mas sim pra fazer trilhas
de encontro às outras praias do bairro, nas áreas de preservação
ambiental da Prefeitura. Por intuição, talvez, não fui muito preparado
para encarar uma praia, mas estava preparada para uma boa andada por
mato e terra.
O
início da trilha começa pela ruela de acesso aos moradores de uma parte
do bairro. Subida, subida, subida e uma bela vista panorâmica de toda
extensão de praias e mar. Lindo mesmo! Igualmente lindo é a Restinga de
Marambaia, pertencente ao Exército, e área de proteção permanente e
entrada proibida, até mesmo por barco, pelo mar. Tal medida, que pode
parecer coisa de ditadura, faz com que uma belíssima área seja uma
raridade na nossa cidade, uma área de matas e praias quase selvagens.
Não é probido olhar e tirar fotos XD então podemos nos deleitar e apenas
sonhar andar por aquelas praias lindas repletas de coníferas e gaivotas
que descansam na bela ponte de acesso à área da Marambaia.
Panorâmica
da ponte de acesso à restinga, depois da chuva. Esta foto foi tirada
dos fundos de um boteco bem tradicional, daqueles com garrafas de
cachaça enfeitando prateleiras e mesa de sinuca. Mas me diga quantos
restaurantes chics por aí têm uma vista dessas?!
Já
no iniciozinho da nossa trilha, encontramos um simpático guia que nos
acompanhou muito alegremente até à Praia do Perigoso: um jovem
vira-latas que se mostrou conhecedor do lugar de cabo a rabo, mesmo! Foi
a maior festa quando chegamos à praia, mas uma onda forte no rochedo
fez ele desaparecer de nossas vistas, encontrando-o um tempo depois num
acampamento de bicho-grilo na Praia do Meio - numa bifurcação na trilha,
o cãozinho queria nos levar para a trilha dessa Praia, mas acabamos
seguindo a outra. Passado alguns minutos na praia deserta - exceto por
um morador acampado por lá - voltamos pela trilha até a bifurcação, indo
para a Praia do Meio, de acesso ainda mais dificil (mas nada comparado
com a Pedra Branca, trilha que fiz também com a Mayumi).
Da
Praia do Meio, também de pequena extensão e belos costões rochosos, é
possível ter uma visão de Grumari e Barra da Tijuca. Mas vendo as águas
cristalinas e areia branca, sem qualquer "rastro" de civilização, é de
duvidar que este lugar esteja tão próximo de Barra da Tijuca e, menos
ainda, de Sepetiba, este último completamente degradado, transformado
pelos sucessivos governos do RJ em verdadeiro lixão industrial,
destruindo completamente a vida marinha e terrestre da Baia de Sepetida.
Mas
o tempo estava fechando, literalmente! No céu, primeiramente azul com
pequenas pinceladas de nuvens brancas, se tornou rapidamente encoberto
por aglomerados fofos de nuvens em diversos tons de cinza. Aí deu um
pequeno medo. Subir/descer uma trilha de terra no meio da mata debaixo
de chuva não deve ser nada agradável, então fomos nós embora por uma
nova trilha, que se mostrou ainda mais bonita e agradável. Fechada por
dentro da mata, em pontos que as frágeis árvores cruzavam seus galhos
umas às outras, formando um teto, sentiamos num túneo. A estradinha de
terra batida e muitas pedras polidas estrategicamente colocadas por
desbravadores, nos conduziam a uma caminhada encantadora. O ar úmido e a
fraca iluminação deixavam o lugar ainda mais agradável. Havia áreas de
bambuzais, árvores muito velhas de troncos muito grossos, um pequeno
bosque no topo da trilha e um mirante natural entre as árvores
raquíticas que nos concedia uma linda vista de toda a Restinga de
Marambaia, ou até onde a vista alcançava através da neblina que
anunciava a pesada chuva que se aproximava desmanchando a paisagem em
degradês de cinza. Por sorte nossa, a chuva desabou no final da trilha,
quando já tínhamos atingido a "parte de civilização" e ficamos por lá
esperando amainar debaixo de uma escada de acesso a uma casa, para logo
em seguida nos escondermos num estratégico boteco pé-sujo (porém com
mesma agradabilidade conferida a esses barzinhos) mas que tinha algo que
a maioria dos restaurantes careiros da cidade não tem: uma vista
maravilhosa da Restinga e do mar, no sol quase se pondo atrás das
grossas gotas de chuva que caiam com vontade!
A trilha de retorno. Pegamos uma outra trilha, ainda mais selvagem, que contornava a ilha. Sentiu a energia só de ver?
Vista panorâmica do pé-sujo. Pena que a minha câmera não era boa suficiente para registrar a beleza real do momento.
Tem um álbum específico para essa ída à Barra de Guaratiba. Infelizmente a minha câmera não foi capaz de registrar todas as formas e cores que meus olhos registraram, mas fica apenas como um exemplo meia-boca. Se você um dia puder ir, vá! Vale muito a pena! Basta ir até o bairro de Campo Grande e da própria rodoviária de lá, pegar o ônibus para Barra de Guaratiba. A viagem dura em torno de 1h. Há outros caminhos para lá, mas por ora só conheço esse.
Vista do Mirante natural da Restinga sob a chuva.
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