Sempre
que chega sexta-feira, para mim sempre bate a mesma vontade: desviar-me
do meu trajeto para o trampo e seguir para a Rodoviária Novo Rio, que
fica perto, e embarcar em qualquer ônibus que me leve para as montanhas
ou para as praias.
Existem
poucos prazeres no mundo que sejam equivalentes a pegar a estrada. Nem
escrever ou dormir, coisas que gosto muito de fazer e faço todos os
dias, rs, são tão bons quanto!
Você
se joga na estrada com o espírito feliz, a liberdade de seguir por
caminhos geralmente agradáveis que o levarão ao destino ainda mais
agradável e desejado! É impossível sentir-se aborrecido ou deprimido!
Uma estrada longa, ladeada de vegetação, com montanhas ou colinas logo
ao alcance, bastando esticar a mão, pois sem as horríveis construções de
concreto, ferro e vidro, a visão fica lascivamente em seu esplendor aos
nossos olhos.
Para
os bichos de cidade grande, como eu, é extasiante ver que de um lado a
outro da estrada só existem matos, árvores e, às vezes, montanhas.
Infinitas e poderosas, essas paisagens estão ali antes de nós e, se Deus
as proteger, continuarão ali muito depois de nós, mostrando-nos a nossa
finitude e pequenez, e nos dizendo o quanto somos tolos por
desperdiçarmos tão curto tempo em escravidões, como a nossa submissão ao
trabalho capitalista, ao dinheiro mal empregado ao se adquirir as
coisas inúteis da modernidade, e ao relógio, em que as horas nunca são
suficientes e, para fazê-las renderem mais, sacrificamos o nosso
descanso, a nossa saúde mental, espiritual e física!
Mas
vamos voltar para a estrada, que é onde estamos agora. É sexta-feira, é
véspera do dia mais bacana da semana, o sábado, que é o dia do
descanso, em que tudo é permitido menos o trabalho desgastante. E
devemos honrar esses dias, abandonando as obrigações da nossa vida
moderna e caindo nos braços daquilo que deveria importar de verdade: o VIVER O PRESENTE.
Dê
uma pausa ao que está lendo aqui e aprecie aquele que é quase um hino
dos pé-na-estrada. A letra da música não fala sobre esse tipo de viagem,
mas o seu ritmo no leva a ele. É Out That Door, de uma das melhores bandas australianas, Hoodoo Gurus.
E
nem consegui dizer tudo que queria, como imaginava que faria logo no
início da postagem. O bom é que fica para a próxima, pois o mundo tá
cheio de coisas boas que devemos exaltar.
Infelizmente,
me coloquei na escravidão moderna e ainda não adquiri a coragem
necessária para me libertar. Quanto a você, espero que evite cair nessa
armadilha, mas, se já caiu, que consiga se libertar algum dia.
Vamos sair por aquela porta e viver o agora. Porque o futuro é a morte e dessa ninguém escapa.
Bom final de semana!
Nenhum comentário:
Postar um comentário