Hoje, exatamente no horário programado para a publicação desta postagem, isto é, às 4:30h da madrugada, teve início a mais bela das estações terrestres: o OUTONO!
Conhecido também como Equinócio de Outono, é o período em que temos o dia e a noite com durações iguais, de 12 horas para cada, contando no amanhecer a partir da metade do círculo solar acima da linha do horizonte até a metade para baixo, no entardecer.
Nas antigas culturas, em especial a Celta, o Outono era a mais importante das estações do ano, dia sagrado chamado de Mabon. Era o tempo das provisões, da colheita, da ceifa, do preparo para o Inverno que se avizinha. Celebrações e festivais eram comuns aos povos antigos, hoje tornados meros ecos de um tempo já praticamente desaparecido da História Humana.
No Hemisfério Sul, o Equinócio de Outono ocorre paralelamente ao de Primavera, no Hemisfério Norte. Por estamos em uma região tropical, pouco notamos da mudança estacional, pois aqui é praticamente Verão o ano todo, tendo poucas variações climáticas nesse período - claro que considerando os eventos de ordem natural e não eventos ocasionados pelo desequilíbrio ecológico e mesmo pelo desequilíbrio ocasionado pela transição planetária.
Em questões sociais, o período parece fazer um efeito detonador no seio da população, pois não são poucas as ocasiões de movimentos e manifestações ocorridos nesse tempo, como a Primavera de Praga, Outono Brasileiro e Primavera Árabe.
Em questões sociais, o período parece fazer um efeito detonador no seio da população, pois não são poucas as ocasiões de movimentos e manifestações ocorridos nesse tempo, como a Primavera de Praga, Outono Brasileiro e Primavera Árabe.
Em proporções humanas, consideramos o Outono como o declínio das forças vitais, o preparo para o crepúsculo da existência. É a meia idade, tempo de colher o que foi semeado, tempo de desaceleração, de introspecção, de redução da velocidade no cotidiano. Pelo menos deveria ser assim, se não estívessemos tão desesperado pelas ilusões, correndo sobre uma esteira rolante.
É o momento de perda para abrir para o novo futuro. Assim como as árvores que deixam perder suas folhas para sobreviver ao inverno, precisamos deixar ir aquilo que não mais nos serve e que pode ainda nos sufocar, quebrando o ciclo de respiração da Vida - o ciclo de fim e recomeço.
Tempo de transição, já não somos mais jovens, tampouco ainda somos velhos. É o fechar para o balanço, analisar vitórias e derrotas, deixar ir o que cumpriu seu destino, preparar-se para receber o novo na próxima estação. É o amadurecimento dos frutos mentais, morais, espirituais. E tudo isso é um ensaio para o Retorno à Grande Casa que virá ao final do Inverno, reiniciando o ciclo interminável de fim e recomeço.
Outono é o tempo de recolhimento, mas também é a Idade Aurea, belamente comparável às folhas oxidadas dos plátanos e faias.
É o momento de perda para abrir para o novo futuro. Assim como as árvores que deixam perder suas folhas para sobreviver ao inverno, precisamos deixar ir aquilo que não mais nos serve e que pode ainda nos sufocar, quebrando o ciclo de respiração da Vida - o ciclo de fim e recomeço.
Tempo de transição, já não somos mais jovens, tampouco ainda somos velhos. É o fechar para o balanço, analisar vitórias e derrotas, deixar ir o que cumpriu seu destino, preparar-se para receber o novo na próxima estação. É o amadurecimento dos frutos mentais, morais, espirituais. E tudo isso é um ensaio para o Retorno à Grande Casa que virá ao final do Inverno, reiniciando o ciclo interminável de fim e recomeço.
Outono é o tempo de recolhimento, mas também é a Idade Aurea, belamente comparável às folhas oxidadas dos plátanos e faias.
Canção do Outono
Cecília Meireles
Perdoa-me, folha seca
Não posso cuidar de ti
Vim para amar neste mundo
E até do amor me perdi.
De que serviu tecer flores
Pelas areias do chão
Se havia gente dormindo
Sobre o próprio coração?
E não pude levantá-la
Choro pelo que não fiz
E pela minha fraqueza
É que sou triste e infeliz
Perdoa-me, folha seca
Meus olhos sem força estão
Velando e rogando a aqueles
Que não se levantarão...
Tu és a folha de outono
Voante pelo jardim
Deixo-te a minha saudade
- A melhor parte de mim
Certa de que tudo é vão
Que tudo é menos que o vento
Menos que as folhas do chão...
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Ruínas
Florbela Espanca
Se é sempre Outono o rir das primaveras,
Castelos, um a um, deixa-os cair...
Que a vida é um constante derruir
De palácios do Reino das Quimeras!
E deixa sobre as ruínas crescer heras.
Deixa-as beijar as pedras e florir!
Que a vida é um contínuo destruir
De palácios do Reino de Quimeras!
Deixa tombar meus rútilos castelos!
Tenho ainda mais sonhos para erguê-los
Mais altos do que as águias pelo ar!
Sonhos que tombam! Derrocada louca!
São como os beijos duma linda boca!
Sonhos!... Deixa-os tombar... deixa-os tombar...
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Em uma Tarde de OutonoOutono
Olavo Bilac
Em frente ao mar. Escancaro as janelas
Sobre o jardim calado, e as águas miro, absorto.
Outono... Rodopiando, as folhas amarelas
Rolam, caem. Viuvez, velhice, desconforto...
Por que, belo navio, ao clarão das estrelas,
Visitaste este mar inabitado e morto,
Se logo, ao vir do vento, abriste ao vento as velas,
Se logo, ao vir da luz, abandonaste o porto?
A água cantou. Rodeava, aos beijos, os teus flancos
A espuma, desmanchada em riso e flocos brancos...
Mas chegaste com a noite, e fugiste com o sol!
E eu olho o céu deserto, e vejo o oceano triste,
E contemplo o lugar por onde te sumiste,
Banhado no clarão nascente do arrebol...
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Crepúsculo de Outono
Manoel Bandeira
O crepúsculo cai, manso como uma benção.
Dir-se-á que o rio chora a prisão de seu leito...
As grandes mãos da sombra evangélicas pensam
As feridas que a vida abriu em cada peito.
O outono amarelece e despoja os lariços.
Um corvo passa e grasna, e deixa esparso no ar
O terror augural de encantos e feitiços.
As flores morrem. Toda a relva entra a murchar.
Os pinheiros porém viçam, e serão breve
Todo o verde que a vista espairecendo vejas,
Mais negros sobre a alvura unânime da neve,
Altos e espirituais como flechas de igrejas.
Um sino plange. A sua voz ritma o murmúrio
Do rio, e isso parece a voz da solidão.
E essa voz enche o vale...o horizonte purpúreo...
Consoladora como um divino perdão.
O sol fundiu a neve. A folhagem vermelha
Reponta. Apenas há, nos barrancos retortos,
Flocos, que a luz do poente extática semelha
A um rebanho infeliz de cordeirinhos mortos.
A sombra casa os sons numa grave harmonia.
E tamanha esperança e uma tão grande paz
Avultam do clarão que cinge a serrania,
Como se houvesse aurora e o mar cantando atrás.
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2 comentários:
Adoro o outono, estação dourada, amena, agradável!!!
Pessoalmente, eu estava ansiosa, não aguentava mais o verão... aliás, nunca fui com a cara do verão, rss... Sou mais outono e primavera.
Bjo!
Aqui no Rio nem uma temperatura amena a gente tem, snif!
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