Depois de muitos entraves causados por debaixo dos panos por algumas editoras e livrarias brasileiras, eis que a Amazon.com finalmente consegue aportar em nossa Terra Brazilis.
É motivo para se comemorar?
Sem dúvida alguma! É para se comemorar e muito! A Amazon.com é a maior varejista de comércio eletrônico - e-commerce - do mundo e isso significa, para o consumidor, a maior oferta de produtos com os menores preços.
E para o Leitor, em especial, a Amazon é a maior vendedora de e-books, com milhares de títulos disponíveis com preços que, lá fora, não passam de 10 dólares.
Tá tudo muito bom, tá tudo muito bonito. E deve melhorar, é o que suponho. Mas espero que melhore para todos. Diferente da Amazon internacional, a brasileira não tem (ou AINDA não tem) a opção de um autor disponibilizar, por ele próprio, o seu material para a venda. E isso foi a primeira coisa que me chamou a atenção, afinal esse lado é muito do meu interesse.
Há alguns meses, eu fiz uma conta na Amazon exatamente com esse propósito, mas não levei adiante, por questões que foram desde a falta de tempo para dar atenção a isso, até um probleminha de conversão de arquivos para o formato que eles indicavam aos ebooks. O tempo passou e acabei me despreocupando disso, até hoje, quando soube da notícia da estreia da empresa aqui no Brasil.
Pode ser que eu não tenha ainda me identificado com a interface do site brasileiro. Pode ser que vi, vi e não enxerguei o link que me levaria a minha página pessoal onde eu poderia fazer o upload dos meus arquivos e tratar dos dados da venda. Pode ser. Mas, para mim, essa opção simplesmente não existe (ou AINDA não existe). Pode ser. Mas, também pode ser que... com os mesmos entravantes que dificultaram de toda forma a entrada da Amazon no Brasil, esses entravantes podem ter "armado" para que apenas empresas regulamentadas, pessoas jurídicas, pudessem dispor de seus produtos (leia-se livros) à venda no site.
Por que essa minha paranóia?
Simplesmente porque vivemos num país onde precisamos dar muito dinheiro para terceiros, para que possamos fazer algo. O Escritor, por exemplo, principalmente aquele que não consegue contrato de publicação por uma editora de verdade (leia-se "editoras que PAGAM para publicar os livros e não que SÃO PAGAS para publicar livros), ele terá que estar atrelado a alguma editora qualquer, que seja pelo menos uma empresa regulamentada, para poder ter seu produto disponível na Amazon.com. E, sabemos muito bem, que Escritores "desempregados" ganham em peso, altura, largura e profundidade dos Escritores publicados.
E não se engane: MUITOS escritores que saem por algumas editoras, PAGARAM pela publicação de seus livros. Pagaram desde a revisão, a leitura crítica, até a gráfica. Eles saem com um selo e um trabalho gráfico muito bonito e atraente, mas saiu do bolso dele. Ele está errado em fazer isso? Sim e não. Sim, porque fica alimentando um comércio mal-caráter que se aproveita do emocional do seu cliente SEM que o público saiba que se trata de uma publicação paga pelo Escritor e não pela editora (nem que seja uma mísera coparticipação). Não, porque o Escritor quer ter o seu livro publicado e lançado, e ele sabe que o público, a maioria dos leitores, é preconceituoso o suficiente para crer que um livro autopublicado tem menos valor que um livro publicado por editora. Então se o Escritor pode, se ele quer, ele tem esse direito.
E ainda tem as pequenas editoras, que dizem ser tradicionais... sim, saem do bolso delas o serviço da gráfica, mas exigem que os originais já venham prontinhos, com o serviço que é delas feito pelo Escritor, ou melhor, PAGO pelo Escritor. Quais serviços são esses de que falo? Revisão, leitura crítica, copidesque, diagramação e até a capa! Desses, o que me pareceu o mais absurdo é a exigência de leitura crítica externa! Oras, quem vai publicar a obra não é o que tem que opinar se a obra se encaixa na linha editorial dele?! Ou, melhor, não é o papel do editor o de avaliar e direcionar uma obra - EDITAR a obra? Então o Escritor deve contratar um "editor" particular para que a obra seja trabalhada e publicada na editora de outro cara?
Tudo bem, tudo ótimo. Que o Escritor realmente faça isso: PAGUE por leitura crítica, revisão, copidesque, diagramação, capa, registros etc. Já que ele vai ter que fazer tudo isso, então que mande ele próprio a uma gráfica e comercialize ele próprio seus livros - pela internet, como fazem essa "editoras".
Com esses milhares de escritores "desempregados" que temos no Brasil, cresceu como praga o número de "editoras", cursinhos, workshops e profissionais ligados à produção de livros. Se esse comércio cresceu em 300 por cento nos últimos 5 anos, isso significa que há muita demanda. E muita demanada significa muitos clientes potenciais que podem ser explorados.
Repetindo: um Escritor que quiser e financeiramente puder, ele pagará profissionais para cuidar de seu negócio, que é o seu livro. Tendo dinheiro, ele pagará bons profissionais particulares que farão a leitura crítica, a revisão e todas as outras coisinhas que deixarão o trabalho dele perfeito para comercializar. Ok? Capturou?
Então, se o próprio Escritor já fará, pagará por toda essa parte que cabe a um editor, a uma editora, e a tendência é que os livros eletrônicos ganhem cada vez mais espaço e a preferência dos leitores, então... para quê ele vai querer um editora? Para que ele se exporá à humilhação de remeter sua obra para uma análise que, provavelmente, jamais será feita, retendo o seu trabalho por meses e até anos?
Não, ele não terá porque fazer isso. Não quando o Brasil se abre para o futuro, com a entrada de e-commerces como a Amazon e a Google Play.
Mas alguém poderá chegar aqui e me dizer: as editoras têm mais moral para vender um livro que um Escritor sozinho.
Sim, a editora tem moral só por portar o título empresarial. Isso nem é moral. É Know-hall. Mas isso também se adquire. E no mundo globalizado e livre, uma Editora X vale o mesmo que um Escritor Y.
Guarde o que digo aqui: nós ainda seremos muito livres! O Leitor terá liberdade para buscar e encontrar aquilo que ele quer, sem se prender à meras questões como nomes e indicações. E o Escritor poderá expor o seu livro quando e por quanto quiser, sem que haja algo ou alguém determinando se o trabalho dele deve ou não ir a público.
Não estou falando aqui de se tornar um best-seller ou ficar rico escrevendo livros. Peloamordedeus, não me venham com essa infantilidade! Mas, vender livros por contra própria e vender MUITO, é possível! Veja, por exemplo, a história de Amanda Hocking (link 2) - uma Escritora INDEPENDENTE, que nunca fez nenhum contrato com qualquer editora, e que só vendeu seus livros no formato e-book pela Amazon.com.
Qual o segredo disso? Muita qualidade? Muita divulgação? Um ótimo marketing? Ou preços tão modestos e acessíveis que o Leitor se sente tentado a arriscar?
Por enquanto, um dos maiores entraves para a popularização dos livros digitais é o preço praticado, que chegam ao preço do livro impresso!
Mas nossos leitores estão preparados para os ebooks?
Quando os tablets, e-readers e dispositivos afins estiverem também bastante acessíveis ao nosso bolso, veremos se o que falta ao público é o preparo ou é a cultura.
Nenhum comentário:
Postar um comentário