20 de mar. de 2016

Testando Material de desenho - parte 3



Testando Material  - Parte 3

Na postagem de hoje, mostrarei o teste que fiz com o lápis de cor Noris Club, da Staedtler, que é de linha escolar, mas fabricado na Alemanha, motivo pelo qual decidi por comprar a caixa.

Antes disso, quero dar as Boas Vindas ao Outono, a mais bela estação do ano. É uma pena que essa estação seja praticamente inexistente por aqui, pois parece que apenas temos alto verão e baixo verão no Rio de Janeiro (e há dois anos não temos inverno). Creio que para o Sul seja diferente, por ser uma região mais amena. De qualquer forma, o Outono está aqui no nosso Hemisfério Sul, nos brindando com a bela paisagem que pinta em algumas regiões mais agraciadas pelo clima.

Agora sim, vamos ao que interessa :D

Quando pintou a vibe de voltar a desenhar e pintar, a primeira coisa que fiz foi ir à cata de material. Primeiro porque já não tinha mais material de pintura, pois não fazia pintura tradicional há mais de dez anos - apenas digital, através do Photoshop. Segundo, porque fazer compras é o melhor antidepressivo de toda e qualquer mulher XD

Então, passando numa loja lá de onde moro, vi a humilde caixinha de 12 cores da Noris Club, que vinha até com um lápis e borracha no kit. Não lembro o que me chamou a atenção, mas peguei a caixa e vi que era importada da Alemanha. Como estava bem baratinho (menos de R$ 12), resolvi arriscar a compra para fazer um teste. Afinal, a nossa primeira e última escolha é a Faber Castell, que sabemos ter uma qualidade superior às outras marcas fabricadas no Brasil, portanto não necessita de "teste" antes de investir em caixas de maiores valores, como as de 48 cores da linha escolar.

Porém, apenar dessa vibe, ainda não estou muito confiante para ' desenhar '... acho que há algum resquício de trauma vigente por aqui :/ então, para esse teste, aproveitei um rascunho antigo e inacabado do personagem Karol, do meu livro Asas Negras. Eis que meu adorável ex-Guardião exilado das Terras do Norte foi a cobaia escolhida para esse intento :)

Como tenho uma memória de peixinho dourado, esqueci de fotografar a caixa de lápis, então baixei a imagem do kit que adquiri, que é esse mesmo da foto.

A Staedtler está com uma tecnologia que aplica aos seus lápis de cor, o A.B.S. (Anti Break System), que é um revestimento branco que envolve a mina, aumentando a resistência da mesma contra quebras, especialmente ao apontar o lápis com um apontador não tão afiado. A desvantagem desse A.B.S. é que a mina se torna mais fina que nos lápis de cor sem esse revestimento, portanto o gasto é maior, tendo que refazer a ponta muito mais vezes.

No primeiro teste que fiz com as 12 cores, um degradê de cada uma, as minas se mostraram macias e bem pigmentadas, sendo possível conseguir uns 4 tons ou mais de cada cor, o que transforma a humilde caixinha de 12 cores em 48, rs.

O segundo teste foi direto no desenho, e foi aí que uma ou outra coisinha me desgostou no Noris Club.

 

Aqui vemos as imagens das primeiras quatro etapas da coloração do desenho. Não sei dizer se é o correto, pois apenas pensei nisso agora para pesquisar posteriormente, mas começo uma pintura, sempre, pela cor base e mais clara. Como fiz por muito tempo pintura com tinta aquarela, acho que acabei incorporando esse processo nas outras técnicas de pintura, inclusive a digital.

Karol tem a pele dourada, então coloquei como base o bege claro. E foi nessa composição de cores que apareceu meu desgosto pelo lápis de cor da Staedtler: as cores não se mesclam. É como se a cor formasse uma película lisa que não permite a mistura com outras cores depois. Veja no terceiro desenho como ficou com um aspecto sujo na pintura, pois tive que forçar a barra para que a cor ficasse impregnada no desenho, e acabei tendo que usar o marrom e o preto para poder fazer as sombras no rosto.

Se eu tivesse optado por utilizar apenas uma cor e feito um degradê com ela, para dar a impressão de sombra e volume, acho que o resultado seria bem melhor, só que não tenho destreza o suficiente para aplicar essa técnica num espaço tão pequeno e detalhado quanto um rosto, rs.

No quarto desenho, mostra o processo da coloração dos cabelos, e aí entrou o meu segundo desgosto, rs.

Karol tem os cabelos brancos, com leves nuanças de cinza... porém, não há o lápis de cor cinza nessa caixinha de 12 cores da Noris Club (acredito que haja nas caixas maiores, senão é caso de morte isso aí, viu!). Portanto, tive que me virar com o que tinha: usar o azul e o preto para dar a sombra aos cabelos brancos... o que resultou em um cabelo azul e não branco, como pode perceber u.u


Dos cabelos, pulamos para a indumentária de Karol. "Por acaso", as roupas dele são brancas também... e sem o lápis cinza para fazer a sombra do branco e dar volume ao desenho, tive que novamente utilizar o azul e o preto. Embora o cinza seja o preto diluído no branco, fazer um degradê com o preto não fica cinza, mas apenas "preto claro". Cinza é cinza, uma lindíssima cor neutra! E não tem cinza na caixa de 12 cores, argh!

O que salvou no processo é que a área da indumentária é bem maior que a área dos cabelos, então a percepção de branco ficou, obviamente, maior. Embora eu AME branco e azul, não é a intenção quando quero dar volume a uma área branca u.u

A faixa e a capa de Karol são realmente azuis, daí que ficou melhor porque temos dois tons de azul na caixinha. Como eu já havia percebido que não estava dando certo colocar uma base mais clara para depois completar com a mais escura, pois não há mesclagem, então comecei logo com o tom mais escuro de azul, deixando aberto as que seriam as mais claras e reforçando nas partes mais sombreadas. Como a área é maior e menos detalhada, daí foi possível fazer o degradê, mas ainda assim me utilizei do preto para fazer as partes mais profundas da veste. O azul claro entrou depois, por sobre o escuro e nas partes que ficaram em aberto, deixando pequenas partes sem colorir para dar a impressão de maior incidência de luz sobre a capa.

Os detalhes em dourado fiz apenas com a cor laranja, utilizando o marrom e o preto para dar profundidade. Não ficou um resultado bom, pois as áreas são pequenas demais e acabaram impermeabilizadas pela primeira cor, então ficou com esse aspecto rabiscado de qualquer jeito, sem conseguir esmerar nos detalhes (não queria usar outro material, como hidrocor por exemplo, porque minha intenção era a de só utilizar o lápis de cor, senão teria feito os detalhes e eles ficariam bem marcados).

Por último, ficou a coloração de fundo. Sou PÉSSIMA com cenários e fundos, e isso é uma coisa que necessito urgentemente treinar! Então o que fiz foi apenas colorir, dando uma impressão de aura externa sofrendo a incidência da luz que vem da esquerda superior para a direita inferior.

Por ser a maior área do desenho, foi possível soltar a mão e fazer o degradê. Com a mão leve, a cor fica menos pigmentada no papel, não ocorrendo aquela tal "impermeabilização", então as cores, aparentemente, se mesclaram. Utilizei três cores diferentes e o preto, para fazer contraste com o personagem que ficou muito azulado. Até que gostei do resultado :)


Achismo final:

O lápis de cor Noris Club, da Staedtler, é a linha escolar dessa marca, portanto não façam como eu, não esperem demais dele, rs! Como lápis de cor escolar, a linha apresenta uma qualidade muito boa e é bastante satisfatório para colorir áreas maiores e menos detalhadas.

A tecnologia A.B.S. dá uma boa resistência à mina, embora a deixe mais fina, logo há maior gasto e a necessidade de apontamento mais vezes. Eu, pelo menos, gosto de trabalhar com pontas bem finas, tanto em lápis de cor quanto com o lápis grafite, então tive que apontar diversas vezes as cores mais usadas.

A pigmentação é boa, tanto que se consegue uma boa cobertura até mesmo com as cores mais claras, como o bege e o amarelo. Mas a cera contida na mina acaba impermeabilizando o papel, não permitindo uma mesclagem entre as cores em áreas pequenas e detalhadas. Juntando isso a um papel sem textura, como o que utilizei, aí que não se consegue mesmo um resultado muito bom nos efeitos de luz e sombra.

Tecnicamente, temos:

  • Lápis de cor, forma clássica hexagonal;
  • A·B·S: o revestimento branco reforça o núcleo da mina, aumentando a resistência à quebra;
  • Mina especialmente suave e de cor intensa;
  • 36 cores brilhantes;
  • 12 cores disponíveis individualmente;
  • Madeira certificada procedente de florestas de gestão sustentável.

Resumindo: Em termos de custo X benefício, o lápis de cor Noris Club de mina permanente (isto é, não-aquarelável) da Staedtler é uma boa substituição aos lápis de linha profissional, que podem chegar à R$ 17 a unidade, dependendo da marca. E também é uma opção à tradicional marca Faber Castell, caso tenha a vontade de experimentar o que outras marcas oferecem ou se não encontra na região onde mora, o que é meio impossível, afinal a Faber domina o mercado.

E como li em um blog, é legal ter uma variedade de marcas e linhas de lápis de cor, para aumentar a sua opção na palheta de cores. A qualidade da mina interfere - e muito - no resultado final, portanto uma mina mais dura e uma mina mais macia de uma mesma cor poderá oferecer um acabamento diferenciado.

Para conhecer e saber mais sobre a Staedtler, basta acessar o site da empresa: http://www.staedtler.com.br/

O próximo teste que trarei será um retrato pintado com uma preciosidade que adquiri nessa última semana que passou... depois te conto ^_^

E se, por acaso, você se sentir inspirado a começar a desenhar e pintar também, gostaria de publicar aqui o seu trabalho. Caso queira, é só entrar em contato através do meu Gmail: patkovacs76.

Até o próximo Testando Material de Desenho ^^




4 comentários:

Jossi disse...

Uau, que bonito esse desenho... sabia que até agora eu não entendia quase nada de lápis de cor, Pat? Sua postagem me ensinou muitas coisas. Sempre achei que não era possível fazer um desenho (ou pintura, não sei como expressar) bacana com lápis de cor. Agora, vendo esse seu personagem, estou vendo como me enganei!!! E aprendi um pouco mais sobre marcas... aposto que essa marca que comprou, STAEDTLER, não vou achar aqui! Acredita que, quando fiz o curso de desenho, o professor nos indicou apenas DUAS lojas de material de arte profissional?? Só tem DUAS lojas em Curitiba... :(

Entretanto, você fez um desenho lindíssimo usando a linha escolar! Isso me animou um bocado. Eu não sei se acho essa marca, mas da Faber vi em papelarias por aqui, 24 cores a R$ 29,00. O que você acha desse preço?

Outra pergunta: Aquarelável da Acrilex eu tenho uma caixa... o que você acha dessa marca?

Mais uma perguntinha, sem querer abusar, rss... Você acha que dá para misturar lápis de cor e carvão? A mim, meio leiga que sou, parece que não... por serem de diferentes tipos de materiais... mas como hoje a Arte é mais versátil, talvez...

Parabéns pelo texto, pelas dicas e explicações.
Quero ver muitos desenhos novos!!
Bjo
:D

Patricia Kovacs disse...

Olá, Jo!
Não é abuso algum, imagina! É bom que eu seja útil de vez em quando, também, rs XD

Nunca fui boa em pintura, pois sempre me faltou paciência necessária para fazer um trabalho decente. Mas como agora estou mais velha e menos impaciente - deve ser os benefícios da idade avançada, rs - estou conseguindo fazer uma atividade que requer tempo e paciência, e precisa fazer sem pressa alguma, que em arte é o grande inimigo!

Então, apesar de já ter usado lápis de cor algumas vezes no passado, ele não era o meu preferido. Antes da pintura digital, eu usava muito aquarela. Aí, agora que apareceu essa vontade de desenhar e pintar, fui pesquisar na internet sobre os materiais, pois estando longe mais de uma década dessa coisa, estava totalmente desatualizada. Daí descobri muitas marcas que, apesar de já existirem há 100 ou 200 anos, para mim eram novidades, rs.

Da Staedtler só conhecia as canetas para nanquim, mas ela tem uma variedade grande de material para desenho e pintura, inclusive profissional. E você deve encontrar, sim, nas lojas aí de Curitiba, pois tenho visto que é bem comum como as outras marcas, como a Faber e a Acrilex.

O lápis da Acrilex não cheguei a adquirir para experimentar, mas pelo que li em outros blogs, ele não é dos melhores, pois não tem boa pigmentação. Ainda assim, como vc já o tem, vale a penas fazer um teste. Sendo o aquarelável, deve ter maior pigmentação e ser mais macio, com certeza melhor que o lápis de mina permanente.

O preço da caixa da Faber é esse mesmo, mais ou menos, parece que vivemos em um monopólio, pois não há mais diferença de preço em nada! Sem contar a fusão de empresas, daí está quase virando um cartel aqui no Brasil! O que era totalmente proibido até 20 anos atrás!

Aqui no Rio, apesar da propaganda enganosa de ser uma cidade bambambam, não temos nenhuma loja especializada em material de artes! Temos lojas que têm, muito mal e porcamente, uma seçãozinha de material para desenho e pintura, mas é tão ralé! Ontem fui nessas duas lojas, no Centro do Rio, que tem outras filiais espalhadas por aí. Foi decepcionante. Para um estudante, o material satisfaz, mas para quem quer um trabalho mais primoroso, fica a desejar e muito!

Então, Jossi, percebi que o melhor para se adquirir material é pela internet mesmo. Vi que há várias lojas especializadas com material muito bom disponível. Nem digo que é caro, porque o material é caro mesmo, em qualquer lugar. Mas você pode pesquisar por aquelas que oferecem um preço menor em alguns reais e que cobre um valor mais barato para o frete. O bom é que o material dura décadas sem perecer, então vale a pena o investimento que puder fazer.

Quanto a misturar carvão com lápis de cor, será como você disse: hoje em arte se vale de tudo. Só aconselho a usar um verniz spray para finalizar, senão o carvão sairá todo.

Vou passar uns links aqui sobre pintura realista com lápis de cor: prepare o babador, rs.

http://mauriciodesenhosrealistas.blogspot.com.br/p/desenhos-p.html
http://www.designerd.com.br/karla-mialynne-e-seus-desenhos-realistas-feitos-com-lapis-de-cor/
http://virgula.uol.com.br/inacreditavel/artista-faz-desenhos-hiper-realistas-incriveis-usando-apenas-lapis-de-cor-e-papel-sulfite/#img=1&galleryId=400044
Nesse vídeo, é mostrado como faz a pintura realista com lápis de cor, e a partir desse você pode achar outros vídeos de mesmo assunto.

Espero ter ajudado :0
Beijos!

Patricia Kovacs disse...

Essa garota aqui é um nojo com lápis de cor.
Nem dá pra acreditar que alguém é capaz de pintar assim com um material tão simples, rs!
https://www.youtube.com/channel/UC3MRldbJr8avZpdKlNHmmnw

Jossi disse...

Oi, Pat.Realmente, eu tinha visto esse trabalho no YouTube, da desenhista que faz tdo com tanto realismo, que é de cair o queixo.

Entendi agora sobre os lápis... Mas fiz um desenho aquarelado de um gato, que ficou horrível, rs...

Vc tem razão, é preciso ter muita paciência, tempo, concentração e... bom material. Eu tinha gasto uma graninha alta (para o meu bolso) na época do curso que fiz, introdução ao desenho artístico. Comprei giz pastel em várias cores, carvão, lápis diversos, papel de vários tamnhos, etc...

Mas depois veio aquela nova onda de desânimo e passei tudo para o guri. Ele ainda está fazendo suas artes, a maior parte é fantasia dark pura... coisa de roqueiro mesmo. :)

Eu trabalhei em algumas aquarelas antigamente, embora seja uma técnica bastante chatinha.

Vamos ver se consigo alguma concentração para fazer alguma coisa decente.

Obrigada, PAT!
:D

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