8 de jul. de 2013

Resenha - Agridoce, de Simone Marques

Agridoce é o primeiro livro de uma série em que Simone Marques flerta, aborda e degusta com o universo vampírico, porém dando nova roupagem, aroma e sabor à já tão badalada lenda dos mortos-vivos que precisam do sangue alheio para sobreviver.

Esta não é a primeira obra de Simone que pego para resenhar e fico na dúvida se classifico como Ficção Fantástica ou apenas Ficção. Pois, apesar de Agridoce ser sobre "vampiros", a Autora recontou a lenda de uma forma que o sobrenatural desapareceu para ceder lugar ao verossímel, ao passível de acontecer, que pode vir a existir de fato na nossa realidade. 

Isso porque o vampirismo do livro é transformado em uma condição especial que surge espontaneamente, como fosse uma "doença genética". Essa condição especial dá nomes especiais à tríade vítima-vampiro-caçador, que se torna escravo-portador-antagonista.

Nessa renovação de antiga lenda, os "vampiros" que não são exatamente  vampiros, levam uma vida quase normal como qualquer outro mortal, sendo eles, inclusive, também mortais. Nada de anti-cristos e anti-símbolos cristãos, de virar pó sob a luz do sol, aversão a certos condimentos e mesmo incapacidade de se alimentar de outra coisa que não seja sangue humano... aliás, o que não falta em Agridoce é condimentos e pratos saborosos!

Anya nunca foi uma menina muito normal. A paranoia do pai, Edgar, fez dela uma esquisita, uma criança que cresceu trocando o dia pela noite (o terror de todos os pais, menos o em questão), repleta de zelos e cuidados, temendo que ela tivesse herdado da mãe a alergia ao sol, que morreu quando Anya tinha apenas 6 anos. Mas a "doença" que a garota herdou era muito, mas muito mais ingrata. E Anya despertou para essa condição aos 20 anos, quando foi atraída pelo "Mensageiro", que se aproveitou da fraqueza dela por aromas.

Assim como ocorre com todos os Portadores de tal condição de dependência por sangue alheio, junto com Anya despertaram o Escravo, um garoto de programa delicioso chamado Daniel, e o Antagonista, o não menos delicioso Doutor Dante, que viverá um terrível conflito, afinal ele deverá ser o assassino de sua Portadora, sendo ele alguém que jurou cuidar e salvar vidas!

Até nesse ponto, aposto em um romance tórrido e repleto de conflitos entre Anya e seu Antagonista. E batalhas internas é um dos meus temas preferidos em histórias =)

Meu Achismo:

Apesar de eu não ser fã de vampiros, a história contada por Simone Odete Marques me cativou. A Autora trabalha a narrativa de forma lenta, o que dá tempo ao leitor de assimilar os acontecimentos e conhecer intimamente os personagens. Esmiuçar a personalidade de cada personagem central da trama deixa a história mais rica e tira o protagonista do centro das atenções, dando uma visão mais ampla e menos egóica, porém essa importância demasiada dada aos demais personagens precisa de um limite. Nesse ponto, eu acho que a Simone Marques peca ao inserir muitos personagens e contar demais da vida deles; a Autora até dá nomes aos figurantes. Acho que isso complica um pouco o lado do leitor, que acaba se perdendo em uma multidão de personagens que recebem um destaque maior do que merecem.

Fora isso, Agridoce é um drama repleto de sensualidade, em que a personagem principal, Anya, desperta para uma vida completamente diferente de sua antiga vidinha casta vivida sob a proteção do manto da noite, de casa para a faculdade onde cursava Gastronomia, com a vida social mais nula que a minha! A reviravolta em sua vida se dá no corpo e no espírito, e nós leitores acompanhamos a sua dramática adaptação a um novo mundo totalmente diferente... amargo, mas revestido de alguma doçura.

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