23 de abr. de 2016

Hoje, Homenagem a Ogum

Ilustração de Kaltblut - http://kaltblut.deviantart.com/
Dia 23 de abril homenageia-se a OGUM, o Orixá do Ferro e da Luta, aquele que forjou as ferramentas e legou à Humanidade para que ela, por sua própria conta, pudesse se prover através da agricultura e da caça, criar seu próprio abrigo, se proteger e ajudar em sua evolução.

Ogum é o Dono dos Caminhos, aquele que tanto guia quanto escolta. Por sua qualidade aguerrida, é ele que impulsiona para frente, fazendo vencer os obstáculos ao enfrentá-los com coragem e determinação. Ele é a Força da Natureza que impulsiona a todos para a vida, quando nascemos e lutamos, diariamente, por nossa sobrevivência e permanência no mundo. Ogum é o Fogo da Vida, o fogo que inflama a vontade, que faz a todos levantar e seguir adiante, pois, assim como o Elemento Fogo, só há uma direção a seguir: para cima!

Pai austero, é aquele que aponta os caminhos, que pega na mão para ensinar a arar, a pescar, a caçar (no sentido metafórico). Mas sua austeridade visa sempre o bem do filho. Não é o Pai que levanta o filho caído para pôr no colo, mas sim o Pai que fica ao lado do filho caído, incentivando-o a levantar-se por si mesmo, cuidando apenas para que nenhum ato injusto o acometa e atrapalhe sua ascensão, afinal ele é o Orixá da Lei (de Execução) e da Ordem. Ogum não dá absolutamente nada de graça, mas auxilia no que for quando vê que o filho prossegue no Bem e luta diariamente por sua própria melhoria interior.

Ogum é Pai zeloso, mas exigente. Não se comove com fraquezas, mas professoralmente mostra como vencer as demandas e empecilhos que, na maioria das vezes, foi o próprio filho que colocou em seu próprio caminho. Mas Ogum não arreda o pé, nunca! Está sempre ali, guiando, protegendo, instruindo, mesmo que não passe a mão na cabeça. E todo filho de Ogum sempre se levanta mais forte e mais sábio.

Ogum Yê, meu Pai amado! Obrigada por tudo, por toda a Força, por todo apoio, por todo amparo! Obrigada por exigir tanto de mim, me tornando mais criteriosa em relação a tudo. Obrigada pela proteção, pela Luz e pela Fé, que se acenderam por sua interseção!
Leia a postagem antiga em - "Hoje, Dia de Ogum".

No Brasil, Ogum é sincretizado com os Santos São Jorge, São Miguel Arcanjo, Santo Antônio e São Sebastião, dependendo da região de culto e da religião (de matriz africana, como Umbanda e Candomblé, dentre várias outras).

O sincretismo foi a forma que os escravos trazidos de vários locais da África encontraram para manter viva o seu culto e sua fé, já que haviam sido proibidos pelos senhores de engenho e pela Igreja Católica, então dominante. Graças a essa artimanha que o culto aos Orixás sobreviveu até os dias atuais, sendo que o culto a Orixás específicos apenas sobreviveu aqui no Brasil e alguns países latinos, desaparecendo por completo nas regiões da África, como é o caso de Oxóssi, por exemplo. O Candomblé é uma religião fundada no Brasil a partir da unificação de diversos cultos que vieram com os escravos trazidos de várias regiões da África. O culto aos Orixás, Inquices e Voduns é doméstico, isto é, cultuados por pequenos grupos tribais ou familiares. Alguns Orixás tinham maior destaque, sendo cultuados por nações diferentes. Com uma diversificação tão grande, é possível encontrar mais de 600 deidades no panteão africano.

Até a década de 1980 o culto era marginalizado no Brasil, e seus religiosos foram muito perseguidos, o que não conseguiu, de forma alguma, destruir a fé dessas pessoas, e hoje as religiões de matriz africanas estão ainda mais difundidas e espalhadas por todo o país. Se antes eram religiões apenas de negros pobres, hoje seus braços são abertos para acolher a todos, independente de cor de pele ou status social.

E, com cada vez mais liberdade, essas religiões se voltam às suas raízes ancestrais, abandonando, pouco a pouco, o sincretismo a que foram obrigada a fazer uso para sobreviver.


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